quarta-feira, 10 de junho de 2015

Leitura de "Os Doze Pontos de Berlim"



O Documento pode ser encontrado nesse link, disponibilizado gratuitamente pelo website do ICCJ. Clique aqui para ler o documento.

Do que ele (também?) nos salvou

Para escrever esse artigo eu me baseei em muitas conversas que tive com uma grande amiga a sra Ana Mariza Fontoura Vidal, que é uma "grande mãe" pra mim. No período em que morei no interior de São Paulo ela me orientou bastante. Assim, muitas das ideias desse texto foram extraídas de reflexões dela ou de reflexões que ela me conduziu a chegar em nossos papos.
                Tenho observado de alguns meses para cá o quanto a figura de Yeshua/Jesus gera interesse e controvérsias em diferentes meios, mas principalmente entre Cristianismo e Judaísmo. Muitos judeus dizem, categoricamente, que "ele [Yeshua/Jesus] não pode ter morrido pelos pecados de ninguém, pois a Torá diz que cada um morrerá pelo seu próprio pecado" (vide Deuteronômio 24:16). Esse é um argumento muito forte e eu acho que tem bastante fundamento, pois cada um de nós vai morrer um dia e cada um pagará por suas transgreções. É isso o que eu acredito, mas pode ser que não seja assim. Muitas dessas coisas, só o Eterno sabe como será.
                Entretanto, não devemos jamais menosprezar tudo o que aconteceu por conta de Yeshua/Jesus. Quero falar justamente sobre isso: será que falar que Yeshua/Jesus nos salvou só pode ser interpretado em um único sentido?
                Eu acredito que não. Existe uma possibilidade mais ampla relacionado a essa questão. Vejamos os povos que cercavam os judeus na época de Yeshua/Jesus. Qual daqueles povos era sequer B'nei Noach1? Nenhum deles. E muito longe disso, faziam coisas abominavéis. E mesmo em outros continentes a coisa não era muito diferente. Peguemos um exemplo da Europa, os Vikings. Eu gosto bastante dos Vikings, admiro sua cultura e povo, entretanto, imagine viver naquela época: eles eram bárbaros, brutais, rituais assassinos eram comuns, entre outras coisas. Algo completamente longe do ideal Noético. Só com o avançar do Cristianismo que as coisas foram mudando. Por conta do Cristianismo, os povos foram cada vez mais, em certo sentido, se aproximando da prática das Leis de Noé.
                Talvez nem cristãos e nem muçulmanos conheçam as Sete Leis, mas a prática deles se aproxima e muito dessas Leis. Muito mesmo, talvez não de forma ideal, mas certamente muito melhor que a prática pagã-bárbara de outros povos. E quem foi peça chave nisso tudo? Justamente Yeshua/Jesus. Por conta de sua mensagem, embora muitas vezes mal interpretada, muitos povos e a humanidade de modo geral pôde se aproximar da prática das Leis Noéticas. E se um não-judeu que pratica essas leis serve ao Eterno, o Deus de Israel, então acredito que foi esse o tipo de "salvação" que Yeshua trouxe: a possibilidade de conhecer o Deus dos judeus, o monoteísmo bíblico. Por conta de Yeshua/Jesus, os povos tiveram acesso, via Cristianismo, à cultura e aos textos Judaicos. E isso é e foi algo muito bom. O que ainda nos falta é união e respeito às diferenças.
                Estamos no momento agora do diálogo inter-religioso. Esse é o tema do momento. Diversos rabinos e padres, desde o final da Segunda Guerra Mundial estão trabalhando em pról disso. Judeus/Judaísmo ficar criticando Cristãos/Cristianismo e vice-versa é algo completamente abominável e retrógrado. É lamentável ver isso ainda atualmente. Uma instituição Judaica ou Cristã que não fala sobre isso está parada no tempo. Uma instituição que fica criticando outra fé está remando contra a maré. Esse momento de brigar deveria nunca ter acontecido; mas como aconteceu, deveria ter ficado lá século 15 ou 16. O momento agora é de nos unirmos. Se Yeshua/Jesus é o Messias ou não, um dia todos vamos descobrir. Por enquanto, cada um tem a sua fé, que deve ser respeitada. E isso está até no documento "Os 12 pontos de Berlim"2. Vale a pena a leitura desse importantíssimo documento.
                Pense, reflita sobre isso. Yeshua/Jesus fez algo importantíssmo. E ele possibilitou sim a "salvação da humanidade". Pelo menos em certo sentido.
Edgard MacFraggin'

[1] B'nei Noach são os "Filhos de Noé"; são aqueles que seguem as Sete Leis Noéticas, leis pelas quais um não-judeu pode servir o Deus de Israel. Clique nesse link para ver as Sete Leis 
[2] A leitura desse documento pode ser encontrada clicando nesse link