quarta-feira, 2 de maio de 2012

Depressão: um mal real, mas Deus me curou

Novamente direi: alegrem-se!” 
Filipenses 4:4
 
            O ano passado para mim foi muito difícil em diversos aspectos. A saída da casa dos meus pais, uma nova moradia, uma nova cidade, nova igreja, novos amigos. Novos desafios. O resultado no final do ano foi o inicio de uma crise forte de depressão.
            Foram dias horríveis. Dias em que eu pensava em morrer, todos os dias praticamente. Sabia até que dose de medicamento seria letal... pensei sim em suicídio. Mas eu sabia que Deus não se agradaria disso e que também haveriam conseqüências eternas para esse ato. Não contei para ninguém sobre isso, mas talvez fosse visível em como eu estava vivendo. Cheguei a pensar que tinha perdido a Salvação, que Deus com certeza não estava se agradando da forma como eu estava vivendo, que Ele tinha me abandonado. A tristeza era tanta, que parecia ser palpável. A vida era uma droga. Simples assim.


            Nesse período, praticamente não fiz nada do que estou acostumado a fazer. Quase não joguei videogame, quase não li a Bíblia ou quadrinhos, não fiz praticamente nada. Alguns dias, passava-os inteiros em frente ao computador olhando nada. No início, joguei muito xadrez, isso me distraia bastante, me ajudou ali no início. Além de tudo isso, não queria mais nem tomar banho, vários dias fiquem sem tomar banho. Não fosse a insistência principalmente da minha família, tinha ficado por isso mesmo, um verdadeiro “Cascão”.
            Comecei a fazer tratamento com medicamentos, que me ajudaram no lado físico da doença. O pr. Pedro Botelho foi o psicólogo que muito me ajudou a enxergar diversas coisas que não percebia, e eu sou muito grato a ele e ao seu ministério. Outras pessoas estiveram ao meu lado constantemente, mesmo sabendo que eu não tinha NADA a oferecer a elas. Faço questão de destacar os meus pais, meu irmão, o tio Wesley, o pr. Roberto e a irmã Marcione, os pastores da PIB de Piracicaba, o irmão Mauro e Deuzinha, o Lucas, o César, a Juliana, a Fofi, o Victor, o César (professor do Kung Fu), a Stela, o Bernardo, entre outros. Até o Donald – meu cachorro – esteve ao meu lado! Eles sabiam do problema e me incentivaram, ligavam, cuidavam de mim.
            Hoje eu percebo que o que me fez ficar mal foi ter sido passivo a muita coisa, mesmo em meu prejuízo, em nome da diplomacia. Não valeu a pena. Fui extremamente prejudicado por conta disso. Pessoas trabalharam ativamente visando o meu mal. Creio que os fatos mais graves que sofri ano passado foram Estelionato Qualificado pelo Concurso de Pessoas e Lesão Corporal Dolosa Qualificada por Motivo Fútil (que foi Leve apenas porque Deus me guardou, porque tinha tudo para ter sido Gravíssima). E esses crimes ainda restam impunes! De pessoas em quem depositei minha confiança, de modo bastante inocente. Não vou citar o nome de quem fez isso, porque isso não importa. Mas me fez muito mal. Fez-me, com o tempo, adoecer. Assim, Piracicaba, o mestrado, tudo se tornou um verdadeiro inferno para mim. Paguei um preço muito caro por tudo isso. Mas eu sei que o meu Deus me vingará. 
            Mas esses meses passaram. Desde o início do ano, estou de volta na casa dos meus pais, e isso foi essencial para a minha melhora. Não tinha condições de continuar morando em Piracicaba, pelo menos naquela época. Voltei para casa para me restabelecer, e hoje acho que ainda não estou 100%, mas talvez uns 70% já esteja. Me sinto animado, voltei a fazer coisas que eu sempre gostei, a ter alegria em ir para a igreja, de estar com os amigos, etc.
            Talvez agora você me pergunte se eu ainda acho que a vida seja uma droga. Sim, eu ainda acho, e foi isso o que eu aprendi com a depressão. Jesus disse em João 16:33 que no mundo teríamos aflições e problemas, mas que tivéssemos bom animo. Lá em Filipenses, Paulo diz que devemos nos alegrar. Imperativo. A Juliana foi quem primeiro me mostrou esse texto de Filipenses, e eu não entendi nada naquela época. Mas agora eu entendo esse texto, vou compartilhar o que eu penso.
            O ar que a gente respira é bom? Não, é uma droga. E a água que bebemos? Também é uma droga. Tudo da Criação ficou uma droga, por conta do pecado. Se estivéssemos no Jardim do Éden, o ar seria maravilhoso, a água, tudo, tudo, tudo. Por isso digo que a vida agora é uma droga. Mas Deus nos deu coisas para aliviar esses momentos, nos enchendo de alegria, mesmo a vida sendo uma droga. Se a vida é uma droga, qualquer coisa deve ser capaz de nos alegrar. Pequenas coisas. Se eu brinco com meu cachorro, é motivo de alegria. Deus o criou, permitiu que o tivesse, e isso me dá alegria. Mesmo a vida sendo uma droga, eu sinto alegria. Por estar com os amigos, sinto alegria. Por dormir e acordar, sinto alegria. Por não estar doente, sinto alegria. Eu não espero mais nada dessa vida, ela é uma droga mesmo. Mas me recuso a não me alegrar, porque Deus tem suprido as minhas necessidades.
            Agora, eu amo a Deus. Talvez, mais do que antes. Ele não me abandonou. Tocou no coração de pessoas para que elas estivessem comigo e se preocupassem e cuidassem de mim. As trevas foram embora da minha mente, esse monstro que me assolava foi para um calabouço. Viver é bom, embora a vida seja uma droga. Viver é bom, apenas se servimos a Deus.

Edgard MacFraggin'