segunda-feira, 20 de maio de 2013

Proselitismo x omsitilesorP

Essa semana passada aconteceu algo meio inusitado. Me adicionaram em um grupo do facebook cuja temática era anunciar que Jesus não é deus, e que Yeshua é igual Jesus, e que se alguém crê que Yeshua é o messias (e apenas isso, mesmo que não o considere como deus, ou parte de trindade), então necessariamente é idólatra e tal. Coisas desse tipo. Saí do grupo porque não fazia nenhum sentido estar ali. Fiquei pensando em isomeria óptica pelo resto da semana.


Poxa, os isômeros são  moléculas que tem os mesmos componentes, mas estruturas espacialmente em pontos diferentes. Os da isomeria óptica são aquelas moléculas levogeras e dextrogenas, são moléculas que são um a "imagem espelhada" da outra. No Judaísmo não há proselitismo. Essa é uma característica clássica do Cristianismo e creio que também do Islamismo. Mas no Judaísmo não. Judeus não são vistos entregando folhetos na rua, pregando sua mensagem, etc. Claro que, se perguntados a respeito por pessoas que têm real interesse, eles falam a respeito da fé, ensinam, explicam. Mas não saem por aí falando em auto-falantes, com programas na TV, com viagens missionárias ou mesmo na internet. O material publicado é encontrado apenas por aqueles que querem encontrar.



Daí, fiquei pensando, um grupo que fica anunciando que Yeshua não é o messias, ou que Jesus não é deus, por mais certo que estejam, é um grupo que faz proselitismo tanto quanto os grupos que pregam sobre trindade e falam que "quem não aceitar Jesus vai pro quinto dos infernos". Os mesmos elementos estão presentes (Yeshua e Jesus) e a mesma intenção também (mudar o pensamento e modo de vida do próximo - sem ele nem querer saber do assunto em questão), só que colocados com propósitos diferentes.

Poxa, será que a terra já está tão boa assim que podemos nos dar o luxo de gastar tempo com palavras e não com atitudes? Será que o Eterno, bendito seja Ele, nos colocou aqui como juízes dos modos de vida do próximo, ou Ele ensinou na Torah que devemos amá-los e não julgá-los? De certa forma, o proselitismo de judeus é pior que o de cristãos, visto que o Cristianismo apóia essa pratica, enquanto o Judaísmo condena. Poxa vida! Uma atitude oposta a outra é na verdade igual a esta! Se um objeto está na frente de um espelho, aparece a imagem oposta, mas que é igual num sentido mais profundo. A atitude é a mesma dos missionários. Quer fazer a diferença nesse mundo? Pratique Torah, Avodá e Tsedaká! Não há movimento missionário como quarta categoria no tripé do Judaísmo. Até mesmo porque é um tripé.
Shalom aleikhem

Edgard MacFraggin'

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Yeshua: o deserto pelo qual chegamos ao Eterno

A parashah do último shabat foi a Bamidbar ["no deserto"]. Foi no deserto que o Eterno se manifestou muito ao povo. Foi ali que a Torah foi outorgada ao povo. Coisas maravilhosas aconteceram ali. Entretanto, deserto é lugar de dificuldade. É lugar de alimento escasso, de escorpiões e serpentes, de extremo calor de dia e extremo frio a noite, todo dia essa mudança brusca na temperatura. E o deserto também não era o plano final do Eterno, bendito Seja, para o povo. O plano final estava na terra de Canaã, na Terra Prometida. O deserto era o caminho para se chegar até lá. E apesar de todo o sofrimento, o Eterno mandava o maná para alimentação, da rocha saía água, tinha uma nuvem durante o dia para o calor, uma coluna de fogo durante a noite para o frio. Aquela jornada não foi como a qualquer outra que tenha ocorrido na História por um deserto: D'us protegeu ao povo durante os 40 anos que ali passaram, dando-lhes sustento. 

E há muita semelhança nessa parashah com as palavras de Yeshua, em relação ao que os talmidim [discípulos] dele deveriam passar. Em Mattityahu ["Mateus"] 16:24, Yeshua diz que quem quer seguí-lo, deve tomar sua estaca de execução e ir. Para quê ter uma estaca de execução se não for pra morrer? Não falo disso para todos os casos, pelo menos não literalmente. Mas ele disse que sofreríamos por amor a ele, que seríamos caluniados, injuriados, etc. São esses os sofrimentos desse deserto. É uma caminhada difícil, num caminho estreito (Mattityahu ["Mateus"] 7:13-14). Entretanto, "coincidentemente", ele disse também que é o "Pão da vida", fazendo uma ponte justamente com o maná que caia no deserto (Yochanan ["João"] 6:48-51). Disse também que aquele que beber de sua água nunca mais terá sede e além disso será uma fonte que jorra água - como a rocha que jorrava água no deserto! - (Yochanan ["João"] 4:13-14). Quanto às dificuldades do deserto quanto a sua própria fauna, Yeshua disse que seriamos protegidos de "cobras e escorpiões" (Lucas 10:19). E também ele disse que é caminho para se chegar ao Pai (Yochanan ["João"] 14:6). Um caminho que leva a um objetivo. 


Será que era a intenção de Yeshua que os seus talmidim se focassem eternamente nele? Veja bem. Imaginem uma viagem programada para um lugar excelente. Chegando o dia, todos vão felizes para o aeroporto e tomam o voo. E aí quando chegam no destino, vão passar todo o período ainda dentro do avião sem aproveitar o destino? Claro que não! E Yeshua disse claramente que é o "caminho" e não o destino final! O destino final é o Eterno, o único D'us, o único digno de ser adorado e ninguém mais! Ele é UM, e sua unidade é indivisível. Ele é um, e não dois nem três. Foi sobre isso que Yeshua anunciou em todo o seu ministério. Que no deserto das nossas dores e das dificuldades, vemos a mão de D'us estendida, nos outorgando a sua Torah preciosa, o maná que nos sustenta, água, proteção contra o frio e contra o calor, enfim, tudo o que precisamos para trilhar esse Caminho estreito, esse precioso deserto a quem eu chamo, nesse contexto, de Yeshua. 

Shalom Aleikhem, 

Edgard MacFraggin'