quarta-feira, 31 de julho de 2013

Palavras não são transparentes, infelizmente

Estava pensando enquanto voltava para casa em como a mesma palavra pode ter significados extremos de tão diferentes. Seria muito mais fácil se elas fossem "transparentes", i.e., se se pudesse saber o significado que ela tem para a pessoa que a expressa. Mas, particularmente, não creio ser esse o maior problema. O maior problema é que alguns têm temor, medo e pavor de simples palavras. 

Pegue a palavra "dragão", por exemplo. Muitos devem pensar em demônios, criaturas infernais ao simples som dessas sílabas. Claro, pode até ser um dos significados para o qual essa palavra é empregada (como no desenho do logo desse blog). Mas não é o único e, na maioria das vezes que se vê essa palavra, ele não tem nada a ver com criaturas espirituais. 
Sir Richard Owen: o pai dos
dinossauros

Vejamos. Dragões existiram? Sim, eles existiram! Existiram até 1841, quando Sir Richard Owen passou a chamá-los de dinossauros! Dinossauro significa "lagarto terrível". E antes desse termo (antes de 1841) usavam "dragão" para chamar esses "lagartos terríveis", pois um dragão é, certamente, um lagarto terrível. 

Outro termo interessante é a palavra "monstro". "Monstro" é aquilo que foge ao que natural ou esperado, que é contra a ordem regular da natureza, mas não quer dizer que é necessariamente algo ruim. Talvez 200 anos atrás, alguém vendo uma bela aeronave ou foguete acharia que são monstros voadores - e provavelmente terríveis! Mas isso não é verdade, embora pareça a priori um absurdo que uma estrutura que pesa toneladas seja capaz de voar. São estruturas monstruosas, no sentido de ir contra a gravidade. E tantas outras coisas podem ser classificadas como "monstros" sem que sejam ruins, desde as pessoas que aparecem no livro Guinness dos Recordes até Pokémons.  

E existem outras tantas palavras que são mal entendidas... E pior do que isso é ter medo de palavras, pois mais importante - ou o que dá importância a elas - é o seu significado. Simples assim. 

Laila tov! 
Edgard MacFraggin'

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A tecnologia nos ajuda a entender conceitos espirituais

Como são interessantes as coisas! Estava lendo essa semana o livro "Decifrando a Criação", do rav Yosef Bitton, e ele fala sobre isso. Li um artigo do Chabad [clique aqui] falando sobre isso também. Ontem estava pensando a respeito do nosso comportamento em relação ao próximo, tentando entender o que a Torah queria dizer em Levítico 19:18, o famoso "ama o próximo como a ti mesmo". Poxa, não é tão fácil ou simples como pode parecer isso. Principalmente quando precisamos colocar isso em prática. 
As vezes tentar entender as coisas com outras palavras [às vezes até mesmo antônimas!] pode ajudar. Ao invés de "amor", vamos pensar rapidamente em "dor". Bom, dor é uma coisa praticamente virtual, pelo menos a dor do outro. Se eu sinto dor no pé, eu sei a exata dimensão do quanto está doendo, do quanto está me incomodando, etc. Mas se meu irmão sente dor, seja ela leve ou horrível, eu não sinto nada. Ele pode vir reclamar para mim e eu nem dar atenção, justo "porque eu não estou sentindo nada". 
Oras, Yeshua citou certa vez esse texto de Levítico. Ainda, em Mattityahu 25:34 em diante, ele nos ensina como amar esse próximo. É praticamente como se ele entendesse a "fome, sede, doença, prisão e necessidade" dos outros, i.e. coisas virtuais para o indivíduo, como sendo reais para ele! Ele dizendo como que se ele mesmo estivesse sofrendo essas coisas. Devemos amar o próximo assim. Como se sentíssemos de forma real a dor virtual, a fome virtual, a tristeza virtual do próximo. "Sinta de forma real a dor virtual do teu próximo". Creio eu ser esta uma possível interpretação para o texto de Levítico. 


Shalom aleikhem, 
Edgard MacFraggin'