domingo, 3 de novembro de 2013

Um chamado à Responsabilidade

 “Ama o próximo como a ti mesmo” Levítico 19:18.
Seis mil idiomas são falados ao redor do mundo hoje, mas apenas um deles é verdadeiramente universal: a linguagem das lágrimas” Rabino Jonathan Sacks
Vivemos em tempos difíceis. Vivemos em um mundo hedonista em grande parte, que valoriza o próprio indivíduo, a busca de satisfação pessoal mesmo em detrimento do bem-estar de outros. O Judaísmo vai de encontro a todo esse pensamento: é uma religião que praticamente não fala do “eu”. Fala do “Shemá Israel” e do “ama o próximo como a ti mesmo”. É sempre sobre um Outro ou sobre vários outros. É, assim, uma religião que exige uma Ética. Não apenas pregar, mas exercer ação. É a Ética da Responsabilidade.
Mas por que a pobreza é um problema? O rabino Jonathan Sacks afirma que a pobreza não dignifica a alma e nem a refina; ela faz apenas a pessoa se voltar para dentro de si, anestesiando sua sensibilidade, aniquilando o espirito e humilhando a própria alma. Os Sábios se recusam a romantizar a pobreza. Classificam-na como um mal implacável. Dizem que “numa casa a pobreza é pior do que 50 pragas”. Ainda, dizem que “a pobreza é uma forma de morte”. Vale lembrar-se de uma das rezas do Sidur que diz que “Os idólatras não louvam ao Eterno; nem os que descem à sepultura”. Uma pessoa pobre não pode servir a Hashem adequadamente. Os sábios afirmam que “se não há o que comer, não pode haver Torá”. Maimônides afirmava que era impossível direcionar a mente para coisas elevadas quando se tem fome, sede, dor ou falta de abrigo. A pobreza nos impede o correto relacionamento com o Eterno. Impede que desfrutemos dos prazeres lícitos que Ele fez para nós, para todos nós.
A Torá coloca claramente que todos nós que servimos a Hashem temos um dever social de cuidar do próximo. Devemos agir com responsabilidade. Segundo o rabino Jonathan Sacks, responsabilidade vem da junção de duas palavras: resposta e habilidade, i.e., ter habilidade em dar resposta de forma adequada aos problemas que existem no mundo. O Eterno, bendito seja, nos chama a ser Seus Sócios na Criação, afirmam os Sábios. Chama-nos a criar, a dar continuidade na Sua Obra. Nos chama também para retificar aquilo que foi quebrado. Recordo-me de um episódio da história de Moisés: o episódio em que ele quebra Tábuas da Lei. Estas haviam sido dadas pelo Eterno, já prontas. Agora, para ter as segundas Tábuas, Moisés teria que ele mesmo entalhá-las. Fica disso um princípio: “você quebrou, você conserta”. Nós quebramos o mundo inteiro, todos nós representados em Adão. Temos, portanto, o dever de curar a Terra, de consertar as fraturas, de juntar os fragmentos. A Cabalá Luriânica fala a respeito disso, dos fragmentos. Cremos que Yeshua foi o primeiro recipiente que se fragmentou: cada fragmento tem uma centelha de luz divina. E devemos juntar esses fragmentos, consertar essas fraturas, pois isto é o Corpo do Messias, o corpo do Adam Cadmon.
Existe um provérbio judaico que afirma que “as necessidades físicas do teu próximo são tuas necessidades espirituais”. Yeshua ratificou em Marcos 12:31 o que já havia aparecido em Levítico 19:18. Entretanto, compreender a dor de outra pessoa é praticamente impossível. Eu não posso sentir a fome de uma pessoa estando alimentado; ainda que tivesse fome, a minha poderia ser em nível menor que a de outra pessoa. O mesmo vale para ter sede, para estar nu, estar doente, etc. São coisas extremamente subjetivas, são coisas virtuais. Então, que fazer? Pensemos assim: sinta de forma real a dor virtual do teu próximo. Pode-se destrinchar “dor” em muitas coisas, entre elas fome, sede, doença, pobreza, nudez, tristeza, solidão, etc. Yeshua apresenta exatamente esses pontos em Mateus 25:35-40: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondeu-lhes: em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” Isso nos mostra a profundidade da prática da fé judaica por Yeshua. Servir ao Eterno não implica apenas as rezas, ritos, etc. Tão certo também não é apenas fazer o bem aos outros. São as duas coisas, necessariamente. Como ratificado por Yeshua, “Shemá Israel e ama o próximo como a ti mesmo”. Isso é servir ao Eterno, bendito seja. As duas primeiras perguntas de Bereshit mostram isso claramente. “Homem, onde está você?” e “onde está teu irmão?” Isso mostra que nós além do dever de nos relacionar com D’us devemos cuidar de nossos irmãos. Caim perguntou “acaso sou eu guardador do meu irmão?” e a resposta para isso era “sim”. Somos responsáveis pelos nossos irmãos. O conceito de Simchá não pode ser entendido como algo solitário. É uma alegria que surge do compartilhar, do coletivo, de algo que existe justamente porque nós compartilhamos.  
Estava refletindo sobre a questão de Yom Kippur. Muitos de nós já participamos desse dia, fazendo um jejum completo de alimentos e líquidos por 25 horas. Espiritualmente falando, nos elevamos muito, é um dia de configuração espiritual única. Agora, fisicamente falando, é muito difícil. Ficar em pé, rezar por um dia inteiro, sem água, sem comida, sem nenhum prazer. E isso é apenas um dia. Os sábios falam que se alguém faz muitos jejuns, chegando a passar mal por isso, essa pessoa é duas vezes pecadoras. O Eterno nos deu prazeres lícitos, e estes devemos aproveitar. Nossos sábios ensinam que iremos responder no Mundo Vindouro por cada prazer lícito que deixamos de aproveitar. Agora, pensemos um pouco em tantas pessoas que passam pela experiência física do Yom Kippur praticamente todos os dias do ano! E elas não tem elevação espiritual alguma. Apenas sofrem. “Ama o próximo como a ti mesmo”: lembre-se do teu próprio sofrimento físico no último Yom Kippur quando alguém vier lhe pedir algum dinheiro para comprar comida.
O rab. Sacks afirma que “a vida é um chamado de D’us à responsabilidade”. Ainda, coloca que “nós aprendemos sobre D’us emulando-O mais do que O contemplando”. Vivemos em tempos em que conceitos espirituais profundos são substituídos por coisas frias e sem vida. Vivemos um tempo em que pessoas ditas religiosas delegam sua ação para o Governo, transformado a Ética que deveriam ter em Política, a obrigação moral em legislação fria e o envolvimento pessoal em órgãos públicos sem rosto (rab. Sacks). Lembro-me de uma vez que escutei um líder de determinado seguimento religioso afirmando que “nós [instituição religiosa] não temos o dever de fazer ação social; quem deve fazer isso é o governo”. Parecia que ele dava razão ao que Karl Marx disse sobre a religião: que ela é ópio do povo. Marx acreditava que a religião servia apenas para manter o Status Quo existente, dignificar a pobreza, justificar doenças e conter as massas. Ele acreditava que para o mundo melhorar a religião deveria simplesmente desaparecer. Não podia estar mais enganado. Ele, um neto de rabino, não compreendeu o que é o Judaísmo. Judaísmo é uma religião que surge não da aceitação do Status Quo, mas de uma revolta contra ele. Não aceita o conformismo. Abraão nosso pai vivia em meio à idolatria e ele se rebela contra isso trazendo a prática do monoteísmo à Terra de forma ininterrupta até nossos dias. Ele se levantou justamente contra os impérios politeístas egípcio e mesopotâmico – sendo que estes sim usavam a religião para glorificar os reis/faraós, oprimir o povo e conter as massas. O Judaísmo começa dando liberdade a um povo escravo, e não o escravizando.

O Pirkê Avot nos conta que certa vez um homem muito rico foi dar uma festa. Ele tinha 20 conjuntos belíssimos de talheres de prata e convidou outras 19 pessoas para jantar com ele. Estava tudo pronto: 20 lugares dispostos na mesa e os conjuntos de talheres em seus lugares. Os convidados foram chegando um a um e tomando seus lugares. O último convidado chegou, sentou-se a percebeu algo estranho: ele não tinha talheres. Foi falar então com o anfitrião da festa sobre isso. O anfitrião lhe disse que tinha talheres para todos e que se não havia talheres para ele apenas uma coisa poderia ter acontecido: algum dos convidados estava com dois conjuntos de talheres. Isso ilustra bem o que aconteceu com o nosso mundo. O Eterno criou recursos naturais para todos, o sol brilha para todos, o ar é de todos, os recursos aquáticos e terrestres também são de todos. Entretanto, nem todos têm o que o que comer ou que beber, por exemplo. O que se deduz disso: se alguns não têm, significa que outros têm mais do que deveriam, estão com as partes que são de outras pessoas. Existem muitas pessoas sofrendo de obesidade mórbida nos Estados Unidos, enquanto outras morrem de inanição na África. Onde está a justiça nisso? É nosso dever fazer essa justiça, dar àqueles que não têm o que o Eterno proveu a cada ser humano.

Certa vez perguntaram ao rabino Chayim de Brisk (1853 – 1918) quais eram os deveres de um rabino. Ele respondeu que era o de “aliviar a dor daqueles que estão sozinhos e abandonados, proteger a dignidade do pobre e salvar o oprimido das mãos do opressor”. E será que esse é um dever exclusivo de um rabino? Creio que não. O rabino fica de costas para a congregação durante o serviço ao Eterno, pois ele também tem que prestar o seu serviço ao Eterno. De modo semelhante, temos uma missão semelhante a do rabino quanto ao próximo, Yeshua mesmo nos ensinou isso. O rabino Chayim de Brisk era um homem que vivia endividado por ajudar os outros. Apesar disso, no inverno ele deixava as portas de sua madeireira aberta para que os pobres pudessem lá entrar e pegar lenha sem ter que passar pela humilhação de ter que pedir. Quando madeireiros não-judeus o questionavam sobre isso, por conta dos supostos prejuízos que isso causavam a eles, ele respondia que “estava economizando dinheiro para a saúde pública”. Caso não fizesse assim, iria acabar pegando uma pneumonia, visto que não teria coragem de acender sua própria lareira sabendo que outras pessoas não tinham como se manter aquecidas.  
Certa vez, o Rebe de Kamiker decidiu passar um dia inteiro recitando Salmos. O maguid de Tsidnov mandou que um mensageiro lhe chamasse. Ele disse ao mensageiro que iria mais tarde, pois ainda queria recitar mais Salmos. O mensageiro foi ao maguid e voltou ao Rebe dizendo que o maguid precisava dele com urgência. Quando o Rebe encontrou o maguid este lhe perguntou o motivo de tamanha demora, pois o maguid desejava que o Rebe saísse para coletar dinheiro para um homem pobre. Quando soube que o Rebe demorou por estar recitando Salmos lhe disse: “Salmos podem ser entoados por anjos, mas apenas seres humanos podem ajudar os pobres. A caridade é mais importante que do que recitar Salmos, pois os anjos não podem fazer caridade”.
Todas as sextas-feiras antes do sol nascer, o Rebe de Nemirov desaparecia. Não era possível encontrá-lo nas sinagogas ou em casas de oração. Sua casa ficava com as portas abertas, mas ele não era encontrado ali. Um homem de outra cidade ao saber disso perguntou aos discípulos do Rebe para onde ele ia. Eles responderam que certamente ele ia aos céus pleitear pela paz, sustento e saúde para a cidade. O forasteiro ficou incrédulo quanto a isso. Decidiu então desvendar o mistério: se escondeu na quinta-feira a noite e seguiu o Rebe sem que ele percebesse. O Rebe saiu de casa vestindo roupas comuns e carregava um machado; seguiu até a floresta, derrubou uma árvore e a dividiu em pedaços de lenha. Pegou a lenha e voltou para uma um parte afastada da cidade, numa ruazinha distante do centro. Bateu na porta de um casebre e uma senhora idosa, pobre e adoentada abriu. Ela lhe perguntou quem ele era e ele disse que estava vendendo lenha muito barata, quase de graça. A senhora disse que não tinha dinheiro. Ele disse que daria crédito a ela; ela respondeu que não teria como pagar posteriormente. Ele disse: “a senhora não confia em D’us? Ele fará que eu seja pago”. A senhora disse que não teria condições também de acender o fogo e ele o acendeu. Enquanto o acendia, ele recitava em voz quase inaudível as Bênçãos Matinais. Depois disso, ele voltou para a casa dele. O homem que o seguia se tornou então um discípulo dele. E quando escutava alguém dizer que nas sextas o Rebe ia aos céus, ele dizia “e talvez até além”.
Quando do episodio de Mordechai e Ester, Mordechai lhe disse que se ela se calasse perante aquela situação, o Eterno levantaria outro homem para trazer livramento aos judeus, mas que talvez o motivo dela ter chegado ao reinado tenha sido exatamente esse (Ester 4:14). Se não fizermos o que devemos fazer, talvez outros o façam, mas nunca teremos cumprido a que o Eterno nos deu a fazer aqui.
Mas então, como fazer tsedaká? Maimônides ensinava que existem oito formas diferentes de fazer, com diferentes graus de elevação. Falarei da mais elevada para a menos elevada:
1)      Tirando um necessitado da situação de pobreza: dando-lhe um presente ou empréstimo, acolhendo-o como sócio, ajudando-o a conseguir um emprego. Retirando dele a situação de humilhação por necessitar de outros.
2)      Doar secretamente: quem doa não sabe para quem vai, quem recebe não sabe de onde veio.
3)      Doar anonimamente: o doador sabe para quem vai, mas quem recebe não sabe de quem veio;
4)      Beneficiado sabe de onde veio: o doador não sabe para quem vai. Muitos sábios amarravam moedas nos seus xales e as jogavam para trás, de forma que os pobres podiam pegá-las sem ter que passar pela humilhação de pedir.
5)      Ajudar um necessitado antes que ele peça;
6)      Ajudar um necessitado depois que ele pede;
7)      Dar menos do que o pobre necessita, mas de forma amável;
8)      O mais baixo grau é o daquele que doa de má vontade.
O povo judeu é um povo interessante. O midrash pergunta “quem é que pode entender esse povo? Quando lhe pedem uma contribuição para fazer um bezerro de ouro, eles dão. Quando lhes pedem uma contribuição para a construção de um santuário, eles dão”. Tsedakah se aloja muito perto da essência do que é ser um judeu. Os rabinos afirmam que se “uma pessoa é cruel e sem compaixão, há razão suficiente para desconfiar de sua ancestralidade”.
Vale ressaltar que ajudar um pobre não significa adotar a pobreza para si mesmo. Nenhum carente foi ajudado por saber que um santo tomou o seu partido. Foi ajudado porque teve a chance de não ser pobre. Existe também um princípio que mesmo uma pessoa que recebe tsedakah deve dar tsedakah. Observa-se isso claramente em uma das partes do filme “Ushpizin”, quando Moshe Belanga, depois de receber uma tsedakah que muito precisava, separa uma parte e dá de tsedakah para o Ben Baruch.
Mas quem é esse nosso próximo? O rabino Meir Melamed comenta que Jacó chama a uns pastores desconhecidos, sem distinção de nacionalidade de “irmãos”. Os sábios no período da Mishná ensinaram a prática do “Darkê Shalom” (Caminhos de Paz). Eles diziam que “em benefício da paz, deve ser permitido aos gentios pobres apanhar as espigas deixadas no campo depois da ceifa, recolher os feixes esquecidos e colher dos cantos do campo; (...) devemos sustentar os gentios pobres como sustentamos os do nosso povo, devemos visitar os gentios doentes como visitamos os nossos e devemos sepultar os deles como sepultamos os nossos”. Vale lembrar que o período da Mishná os judeus estavam na Diáspora. Eram minorias que tinham conhecido a assimilação ou a revolta armada, e nenhum desses caminhos havia dado bons resultados. Assim, propõem um novo caminho, os Caminhos de Paz. Esse caminho não significa ter paz, mas criar ações que possam levar a uma boa convivência. Dificilmente teremos paz no meio de idólatras. Mas devemos fazer o bem, compreendendo que cada ser humano possui uma fagulha divina dentro de si.
O rabi Eleazar costumava dar uma moeda a um pobre antes de recitar suas preces; ensinava que está escrito “através da caridade, eu verei Tua face” (Talmud da Babilônia, Baba Batra 10a). Lembro-me de grupos que faziam evangelismo nas madrugadas de determina cidade. Durante as madrugadas, aquilo que é considerado como escória da sociedade está nas ruas. Prostitutas, travestis, dependentes químicos, mendigos, etc. Cansei de ver cenas de pessoas que vinham pedir dinheiro para voltar para casa ou para comprar comida. A resposta padrão era “eu não tenho dinheiro, mas veja, pegue um folhetinho do JC”. Aparentemente o sofrimento alheio não tinha nenhum problema (principalmente porque quem podia ajudar não estava sofrendo). Parecia ainda que este mundo físico aqui não importa para nada. A pessoa que evangelizava a outra estava fazendo uma “grande bondade”: estava livrando a alma do outro do inferno (como se humanos pudessem determinar quem está salvo e quem está condenado). Ou seja, se a pessoa recusava a “salvação” contida naquele folheto do JC era culpa dela ainda sofrer. Ela estava rejeitando um futuro “bom”. E o pior, depois que acabava o evangelismo e de falar que não tinham dinheiro, o grupo seguia para uma lanchonete pra lanchar. De graça é que o lanche não era. E eu de tudo isso porque durante algum tempo participei desse grupo. Foi bom, mas no sentido de perceber como a mensagem pura e bela da Torá está deturpada. Foi bom no sentido de me fazer olhar a Torá como algo precioso e profundo. Aprendi a lição do que não fazer.
Se alguém lhe pede comida, dê. Se alguém lhe pede água, dê. Quem somos nós para julgar o interior do outro? Que o Eterno nos abençoe e nos ensine a amar e cuidar desse próximo, não como queremos, mas como Ele quer que façamos.
Edgard MacFraggin'

Referências
“Para curar um mundo fraturado”, Rabino Jonathan Sacks, Editora Sêfer.
“A Ética do Sinai”, Irvin Bunim, Editora Sêfer.
“Torá: a Lei de Moisés – com tradução e comentários pelo Rabino Meir Matzliah Melamed”, 3ª edição, Congregação Religiosa Israelita Beth-el.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Palavras não são transparentes, infelizmente

Estava pensando enquanto voltava para casa em como a mesma palavra pode ter significados extremos de tão diferentes. Seria muito mais fácil se elas fossem "transparentes", i.e., se se pudesse saber o significado que ela tem para a pessoa que a expressa. Mas, particularmente, não creio ser esse o maior problema. O maior problema é que alguns têm temor, medo e pavor de simples palavras. 

Pegue a palavra "dragão", por exemplo. Muitos devem pensar em demônios, criaturas infernais ao simples som dessas sílabas. Claro, pode até ser um dos significados para o qual essa palavra é empregada (como no desenho do logo desse blog). Mas não é o único e, na maioria das vezes que se vê essa palavra, ele não tem nada a ver com criaturas espirituais. 
Sir Richard Owen: o pai dos
dinossauros

Vejamos. Dragões existiram? Sim, eles existiram! Existiram até 1841, quando Sir Richard Owen passou a chamá-los de dinossauros! Dinossauro significa "lagarto terrível". E antes desse termo (antes de 1841) usavam "dragão" para chamar esses "lagartos terríveis", pois um dragão é, certamente, um lagarto terrível. 

Outro termo interessante é a palavra "monstro". "Monstro" é aquilo que foge ao que natural ou esperado, que é contra a ordem regular da natureza, mas não quer dizer que é necessariamente algo ruim. Talvez 200 anos atrás, alguém vendo uma bela aeronave ou foguete acharia que são monstros voadores - e provavelmente terríveis! Mas isso não é verdade, embora pareça a priori um absurdo que uma estrutura que pesa toneladas seja capaz de voar. São estruturas monstruosas, no sentido de ir contra a gravidade. E tantas outras coisas podem ser classificadas como "monstros" sem que sejam ruins, desde as pessoas que aparecem no livro Guinness dos Recordes até Pokémons.  

E existem outras tantas palavras que são mal entendidas... E pior do que isso é ter medo de palavras, pois mais importante - ou o que dá importância a elas - é o seu significado. Simples assim. 

Laila tov! 
Edgard MacFraggin'

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A tecnologia nos ajuda a entender conceitos espirituais

Como são interessantes as coisas! Estava lendo essa semana o livro "Decifrando a Criação", do rav Yosef Bitton, e ele fala sobre isso. Li um artigo do Chabad [clique aqui] falando sobre isso também. Ontem estava pensando a respeito do nosso comportamento em relação ao próximo, tentando entender o que a Torah queria dizer em Levítico 19:18, o famoso "ama o próximo como a ti mesmo". Poxa, não é tão fácil ou simples como pode parecer isso. Principalmente quando precisamos colocar isso em prática. 
As vezes tentar entender as coisas com outras palavras [às vezes até mesmo antônimas!] pode ajudar. Ao invés de "amor", vamos pensar rapidamente em "dor". Bom, dor é uma coisa praticamente virtual, pelo menos a dor do outro. Se eu sinto dor no pé, eu sei a exata dimensão do quanto está doendo, do quanto está me incomodando, etc. Mas se meu irmão sente dor, seja ela leve ou horrível, eu não sinto nada. Ele pode vir reclamar para mim e eu nem dar atenção, justo "porque eu não estou sentindo nada". 
Oras, Yeshua citou certa vez esse texto de Levítico. Ainda, em Mattityahu 25:34 em diante, ele nos ensina como amar esse próximo. É praticamente como se ele entendesse a "fome, sede, doença, prisão e necessidade" dos outros, i.e. coisas virtuais para o indivíduo, como sendo reais para ele! Ele dizendo como que se ele mesmo estivesse sofrendo essas coisas. Devemos amar o próximo assim. Como se sentíssemos de forma real a dor virtual, a fome virtual, a tristeza virtual do próximo. "Sinta de forma real a dor virtual do teu próximo". Creio eu ser esta uma possível interpretação para o texto de Levítico. 


Shalom aleikhem, 
Edgard MacFraggin'

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Fazer pinturas rituais indígenas é errado e ninguém mais deveria fazer! (?)


Obviamente, tal afirmação seria certamente ofensiva aos índios. Obviamente também, nenhuma pessoa que não é índio é obrigado a se pintar ritualmente e cumprir todas as tradições indígenas. Mas se quiser também, não há impedimento para isso. Somos livres.


Uma coisa é saber disso, que nós não somos obrigados a isso, eu não sou obrigado a fazer isso. Outra coisa é eu começar a desprezar publicamente e ensinar que as tradições indígenas são todas erradas, equivocadas, ridículas, que "foram anuladas" pela civilização moderna, enfim, que não têm nenhum valor. O saber que "eu não preciso cumprir tradições indígenas" não implica em "eu ter que desprezar e falar muito mal das tradições dos índios". "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".

"Martinho Lutero: a fonte de anti-semitismo
 na Alemanha"
Com as devidas proporções, é exatamente esse equívoco que acontece, infelizmente, na maioria das comunidades cristãs pelo mundo. Um não-judeu falar que não é obrigado a cumprir a Torá é algo extremamente óbvio para todo o povo judeu (algo até mesmo trivial!), entretanto, parece que no fundo agradecem a Torá ter sido "abolida" pois, caso contrário, eles deveriam seguir também. É sabido que, se um não-judeu deseja servir ao D'us de Abraão, de Isaac e de Jacó, ele deve seguir apenas as "Sete Leis Noéticas", e vai servir a D'us tanto quanto um judeu que cumpre toda a Torá. Agora, que direito têm diversos cristãos de afirmarem cheios de si que "a Torá foi anulada graças a deus" ('deus' com letra minúscula mesmo, porque eu não faço ideia de que 'deus' é esse!). É um desrespeito generalizado pelos mandamentos e pela tradição judaica como se não-judeus fossem obrigados de algum modo a cumprir a Torá! Um ódio apresentado por figuras famosas como o "pai da Reforma", o Martinho Lutero. Este deixou escritos no mínimo nojentos de puro anti-semitismo, nos escritos chamados "Os judeus e suas mentiras". Basta ir conferir e ver que, historicamente falando, os nazistas se apoiaram também em Lutero para dar alguma base para a chamada "Solução Final". Para os falantes de inglês, vale a pena assistir o documentário alemão chamado "Martinho Lutero: a fonte de anti-semitismo na Alemanha", sobre a vida de Martinho Lutero, clicando aqui.

Oras, uma religião que prega tanto "o amor ao próximo, pois foi isso que 'Jesus' mandou" tem demonstrado há praticamente 2000 anos apenas desprezo e desrespeito por tradições que nunca couberam a nenhum não-judeu cumprir. Devemos sim nos unir (no sentido do respeito mútuo) pois servimos ao, pelo menos teoricamente, D'us de Abraão, de Isaac e de Jacó, revelado em primeiro lugar ao Povo Judeu, ou seja, ao mesmo D'us!

Edgard MacFraggin'

sábado, 1 de junho de 2013

Enterrando talentos como se excrementos fossem

"E um lugar, terás para ti, fora do acampamento, e ali saíras fora; e uma estaca, terás para ti, entre os objetos de teu uso, e quando te abaixares lá fora, com ela cavarás, e volvendo-te cobrirás o que defecaste;" Devarim ["Deuteronômio"] XXIII. 13 e 14

"Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do senhor." Mattityahu ["Mateus"] XXV. 18

Quando o povo saía para guerrear, deveria levar consigo uma pá, para enterrar o que defecassem e não contaminar o acampamento. E isso porque o Eterno estava ali com eles, presente nas batalhas. Ainda mais, esse é destinado que esperamos para as próprias fezes, ninguém gosta de ficar vendo ou cheirando um monte de esterco. Muita gente não gosta nem de ir em fazendas pelo cheiro das fezes e urina dos animais! E o interessante é que mesmo alguns animais enterram suas próprias fezes, seguindo suas próprias Instruções naturalmente!


Carl Barks, você foi inspirador para muitas
gerações!
Mas uma coisa que todos gostam de ver são pessoas talentosas usando seus talentos. Como é bom escutar a voz ou a gaita tocada por Bob Dylan ou Humberto Gessinger! Ou ver os maravilhosos quadrinhos de dez páginas escritos e desenhados pelo Mestre Carl Barks, de saudosa memória? Poxa, aquelas histórias de dez páginas pareciam que tinham 50 de tão profundas! Ou mesmo a criatividade de Shigeru Miyamoto, o criador da série Super Mario Bros.! Poxa vida, são coisas muito boas, talentos que praticamente ninguém mais possui. E será que esses talentos vem de nós mesmos? Obviamente não. São coisas tão boas que podemos "ver" a assinatura do Criador, assim como percebemos isso no canto dos pássaros no final da tarde. E imagina se esses gênios citados tivessem recusado e não utilizado seus talentos? Poxa, seria horrível, pelo menos para mim!

E o grande rabino Yeshua fala nessa parábola justamente disso. Sobre talentos usados e enterrados, sendo este algo totalmente fora de lógica. O rapaz da parábola recebeu "apenas um" talento e o enterra! Mas o que deve ser enterrado não são os talentos, e sim as excretas. Talvez possa-se inferir o motivo pelo qual aquele senhor ficou tão irado. O rapaz considerou o talento recebido como excremento, numa análise mais profunda! E é claro que sua punição foi à altura do seu erro.

Cada um de nós possui talentos. Alguns mais, outros menos. Mas creio que o que mais limita as pessoas é a vergonha de usar o talento ou não. Eu conheço pessoas que tocam instrumentos maravilhosamente. Outros cozinham verdadeiros manjares! Outros desenham e outros fazem esculturas. Outros têm um talento incrível de ser pacientes e lúdicos, de ajudar os outros, etc. E assim vai. Utilizem esses talentos! Temos apenas essa vida para isso. Temos apenas essa vida para, através dessas ferramentas chamadas como talentos, mudar a vida do próximo, para amá-lo como a nós mesmos. Para sarar essa terra tão doente. Para trazer nem que seja um "simples" sorriso e tirar o foco do sofrimento de uma criança. Somos todos capazes!

Laila tov,
Edgard MacFraggin'

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Proselitismo x omsitilesorP

Essa semana passada aconteceu algo meio inusitado. Me adicionaram em um grupo do facebook cuja temática era anunciar que Jesus não é deus, e que Yeshua é igual Jesus, e que se alguém crê que Yeshua é o messias (e apenas isso, mesmo que não o considere como deus, ou parte de trindade), então necessariamente é idólatra e tal. Coisas desse tipo. Saí do grupo porque não fazia nenhum sentido estar ali. Fiquei pensando em isomeria óptica pelo resto da semana.


Poxa, os isômeros são  moléculas que tem os mesmos componentes, mas estruturas espacialmente em pontos diferentes. Os da isomeria óptica são aquelas moléculas levogeras e dextrogenas, são moléculas que são um a "imagem espelhada" da outra. No Judaísmo não há proselitismo. Essa é uma característica clássica do Cristianismo e creio que também do Islamismo. Mas no Judaísmo não. Judeus não são vistos entregando folhetos na rua, pregando sua mensagem, etc. Claro que, se perguntados a respeito por pessoas que têm real interesse, eles falam a respeito da fé, ensinam, explicam. Mas não saem por aí falando em auto-falantes, com programas na TV, com viagens missionárias ou mesmo na internet. O material publicado é encontrado apenas por aqueles que querem encontrar.



Daí, fiquei pensando, um grupo que fica anunciando que Yeshua não é o messias, ou que Jesus não é deus, por mais certo que estejam, é um grupo que faz proselitismo tanto quanto os grupos que pregam sobre trindade e falam que "quem não aceitar Jesus vai pro quinto dos infernos". Os mesmos elementos estão presentes (Yeshua e Jesus) e a mesma intenção também (mudar o pensamento e modo de vida do próximo - sem ele nem querer saber do assunto em questão), só que colocados com propósitos diferentes.

Poxa, será que a terra já está tão boa assim que podemos nos dar o luxo de gastar tempo com palavras e não com atitudes? Será que o Eterno, bendito seja Ele, nos colocou aqui como juízes dos modos de vida do próximo, ou Ele ensinou na Torah que devemos amá-los e não julgá-los? De certa forma, o proselitismo de judeus é pior que o de cristãos, visto que o Cristianismo apóia essa pratica, enquanto o Judaísmo condena. Poxa vida! Uma atitude oposta a outra é na verdade igual a esta! Se um objeto está na frente de um espelho, aparece a imagem oposta, mas que é igual num sentido mais profundo. A atitude é a mesma dos missionários. Quer fazer a diferença nesse mundo? Pratique Torah, Avodá e Tsedaká! Não há movimento missionário como quarta categoria no tripé do Judaísmo. Até mesmo porque é um tripé.
Shalom aleikhem

Edgard MacFraggin'

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Yeshua: o deserto pelo qual chegamos ao Eterno

A parashah do último shabat foi a Bamidbar ["no deserto"]. Foi no deserto que o Eterno se manifestou muito ao povo. Foi ali que a Torah foi outorgada ao povo. Coisas maravilhosas aconteceram ali. Entretanto, deserto é lugar de dificuldade. É lugar de alimento escasso, de escorpiões e serpentes, de extremo calor de dia e extremo frio a noite, todo dia essa mudança brusca na temperatura. E o deserto também não era o plano final do Eterno, bendito Seja, para o povo. O plano final estava na terra de Canaã, na Terra Prometida. O deserto era o caminho para se chegar até lá. E apesar de todo o sofrimento, o Eterno mandava o maná para alimentação, da rocha saía água, tinha uma nuvem durante o dia para o calor, uma coluna de fogo durante a noite para o frio. Aquela jornada não foi como a qualquer outra que tenha ocorrido na História por um deserto: D'us protegeu ao povo durante os 40 anos que ali passaram, dando-lhes sustento. 

E há muita semelhança nessa parashah com as palavras de Yeshua, em relação ao que os talmidim [discípulos] dele deveriam passar. Em Mattityahu ["Mateus"] 16:24, Yeshua diz que quem quer seguí-lo, deve tomar sua estaca de execução e ir. Para quê ter uma estaca de execução se não for pra morrer? Não falo disso para todos os casos, pelo menos não literalmente. Mas ele disse que sofreríamos por amor a ele, que seríamos caluniados, injuriados, etc. São esses os sofrimentos desse deserto. É uma caminhada difícil, num caminho estreito (Mattityahu ["Mateus"] 7:13-14). Entretanto, "coincidentemente", ele disse também que é o "Pão da vida", fazendo uma ponte justamente com o maná que caia no deserto (Yochanan ["João"] 6:48-51). Disse também que aquele que beber de sua água nunca mais terá sede e além disso será uma fonte que jorra água - como a rocha que jorrava água no deserto! - (Yochanan ["João"] 4:13-14). Quanto às dificuldades do deserto quanto a sua própria fauna, Yeshua disse que seriamos protegidos de "cobras e escorpiões" (Lucas 10:19). E também ele disse que é caminho para se chegar ao Pai (Yochanan ["João"] 14:6). Um caminho que leva a um objetivo. 


Será que era a intenção de Yeshua que os seus talmidim se focassem eternamente nele? Veja bem. Imaginem uma viagem programada para um lugar excelente. Chegando o dia, todos vão felizes para o aeroporto e tomam o voo. E aí quando chegam no destino, vão passar todo o período ainda dentro do avião sem aproveitar o destino? Claro que não! E Yeshua disse claramente que é o "caminho" e não o destino final! O destino final é o Eterno, o único D'us, o único digno de ser adorado e ninguém mais! Ele é UM, e sua unidade é indivisível. Ele é um, e não dois nem três. Foi sobre isso que Yeshua anunciou em todo o seu ministério. Que no deserto das nossas dores e das dificuldades, vemos a mão de D'us estendida, nos outorgando a sua Torah preciosa, o maná que nos sustenta, água, proteção contra o frio e contra o calor, enfim, tudo o que precisamos para trilhar esse Caminho estreito, esse precioso deserto a quem eu chamo, nesse contexto, de Yeshua. 

Shalom Aleikhem, 

Edgard MacFraggin'

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Pode-se fazer doutrina em cima de um versículo?

Estava escutando a última aula ministrada (até a presente data) pela profa. sra. Dálcia Freitas no programa "A Voz do Shofar"(que pode ser conferido clicando aqui) e fiquei bastante intrigado com isso. Pode-se fazer doutrina em cima de apenas um versículo isolado?

Vejamos, vamos criar a doutrina do suicídio. O rei Saul se suicidou (1a Samuel 31:4). Olhando exclusivamente esse versículo, podemos falar que a prática do suicídio é aceita dentro da fé monoteísta? Obviamente não! É condenada, só o Eterno é dono da vida. Mas será que já fizeram doutrina com base em apenas um versículo (mal traduzido, por sinal)?? Vejam por si mesmos abaixo (as marcações de amarelo foram feitas por mim):

"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;" Mateus 28:19 (João Ferreira de Almeida Atualizada )

"Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo." Atos 2:38 (João Ferreira de Almeida Atualizada )

"Porque sobre nenhum deles havia ele descido ainda; mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus" Atos 8:16 (João Ferreira de Almeida Atualizada )

"Mandou, pois, que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe rogaram que ficasse com eles por alguns dias." Atos 10:48 (João Ferreira de Almeida Atualizada )

"Quando ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus." Atos 19:5 (João Ferreira de Almeida Atualizada )

Yeshua é judeu, certamente
ele não cria em trindade
É bom falar um pouco, só pra se ter ideia da dimensão disso, do momento que estamos vivendo agora. Estamos no período entre Pessach (páscoa judaica) e Shavuot (petencoste). Conta-se 50 dias entre essas duas festas. Yeshua morreu em Pessach, ressuscitou e ficou mais 40 dias antes de subir aos Céus. Ele disse que os emissários deveriam permanecer em Jerusalém até que fosse mandado o Ruach HaKodesh (Espírito de D'us) em Shavuot, que seria em 10 dias. Daí, o Ruach vem e começam as imersões ("batismos"). Os discípulos já estavam tão apressadamente desobedecendo ao que o Messias disse menos de duas semanas antes? Obviamente não. E na Bíblia de Jerusalém (versão católica antiga) há uma nota de rodapé afirmando que no original estava "batizando-os em meu nome", e que o " em nome do Pai, do Filho..." veio apenas posteriormente, no concílio de Niceia e no Édito de Tessalônica, três séculos depois da vinda do Messias! 

O Concílio de Niceia ocorreu no ano de 325 e.c. (da era comum, conhecido como "depois de Cristo"), ou seja mais de 300 anos da ascensão do Messias aos Céus. Afirmaram coisas que nem o Messias Yeshua e nem os discípulos falaram. Vejam o Credo de Niceia, ele mostra claramente que a fé que ele afirma ser a correta é politeísta e não monoteísta: 
"Cremos em um só Deus, Pai todo poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial do Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra, o qual por causa de nós homens e por causa de nossa salvação desceu, se encarnou e se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos; E no Espírito Santo. Mas quantos àqueles que dizem: 'existiu quando não era' e 'antes que nascesse não era' e 'foi feito do nada', ou àqueles que afirmam que o Filho de Deus é uma hipóstase ou substância diferente, ou foi criado (Colossenses 1:15 afirma que ele foi o primeiro a ser criado, ele é o "Primogênito de toda a Criação" [Almeida Corrigida e Revisada Fiel], ou seja, o primeiro a ser criado), ou é sujeito à alteração e mudança, a estes a Igreja anatematiza." obs.: anatematizar significa fulminar com anátema; excomungar, amaldiçoar.

Já o Édito de Tessalônica data de 24 de Novembro de 380 e.c. Ele foi também bastante posterior à doutrina que o Messias anunciava, da Unidade do Eterno e da Redenção de Israel. O Édito afirma: 

Édito dos imperadores Graciano, Valentiniano (II) e Teodósio Augusto, ao povo da cidade de Constantinopla: "Queremos que todos os povos governados pela administração da nossa clemência professem a religião que o divino apóstolo Pedro deu aos romanos, que até hoje foi pregada como a pregou ele próprio, e que é evidente que professam o pontífice Dámaso e o bispo de Alexandria, Pedro, homem de santidade apostólica. Isto é, segundo a doutrina apostólica e a doutrina evangélica cremos na divindade única do Pai, do Filho e do Espírito Santo sob o conceito de igual majestade e da piedosa Trindade. Ordenamos que tenham o nome de cristãos católicos quem sigam esta norma, enquanto os demais os julgamos dementes e loucos sobre os quais pesará a infâmia da heresia. Os seus locais de reunião não receberão o nome de igrejas e serão objeto, primeiro da vingança divina, e depois serão castigados pela nossa própria iniciativa que adotaremos seguindo a vontade celestial."

Nessas doutrinas heréticas pode-se ver já o embrião de toda a inquisição aos que não cressem da mesma forma, ou seja, naquele caso principalmente os judeus. É heresia para justificar a trindade pagã. É um versículo mal traduzido (Mateus 28:19) contra quatro (Atos 2:38; Atos 8:16; Atos 10:48; Atos 19:5) que estão corretos. Enfim, cada um deve refletir por si mesmo. Que o Eterno tire o comichão de nossos ouvidos, e possamos ouvir a verdade!

Edgard MacFraggin'
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Mateus 28:19

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Mateus 28:19

domingo, 14 de abril de 2013

A purificação final da tzara'at da humanidade

Lachon Hará: maledicência, fofoca, 
falar mal dos outros.
As parashot do último shabat foram a Tazria [conceber - Vayikrá  (Levítico) 12:1 - 13:59] e M'tzora [afligida com tzara'at - Vayikrá  (Levítico) 14:1 - 15:33]. Entre os assuntos tratados, foi falado sobre a tzara'at, uma espécie de lepra, mas que é diferente da hanseníase. Essa lepra aparecia nas pessoas que praticavam Lachon Hará, ou seja, maledicência, falar mal dos outros. Um rabino afirmou que quem pratica esse pecado, transgride os cinco livros da Torah, a transgride por completo. É um pecado extremamente grave e lesivo, deve-se tomar o cuidado de nem mesmo escutar uma pessoa que fala Lachon Hará

Umas das leis relacionadas a purificação das materiais e das pessoas com essa lepra dizia respeito as roupas. Vemos em Vayikrá 13:47-59 [Levítico] que uma peça de roupa com uma mancha de tzara'at deveria primeiro ser lavada e depois de sete dias seria reavaliado. Caso a mancha tivesse aumentado, a peça era impura, e o seu destino era ser estruída pelo fogo. Primeiro a água; se não adiantar, o fogo

Mas existem outros aspectos interessantes a respeito dessa parashah em conexão com a B'rit Hadashah [Nova Aliança - conhecida como "novo testamento"]. Em Vayikrá 13:12-13 [Levítico] está assim: 

"Se a tzara'at espalhar-se sobre toda a pele, de modo que, tanto quanto o kohen enxerga, a pessoa com tzara'at possui feridas em todas as partes do corpo, da cabeça aos pés, então o kohen a examinará e, se vir que a tzara'at lhe cobriu o corpo todo, declarará a pureza da pessoa com as feridas - pois elas embraqueceram, e ela está pura."

Durante a parte dos "Comentários da Parashah" foi falado um comentário rabínico sobre esse trecho se relacionar a vinda do Mashiach para a Era Messiânica. Quando a humanidade estivesse com tzara'at da cabeça aos pés, então o Mashiach virá. Ou seja, quando a humanidade estiver completamente corrompida, completamente suja, deturpada, com os valores perdidos, nos tempos da Apostasia, o Mashiach viria, então ela será considerada pura pela purificação que o Messias fará. E estamos caminhando a passos largos em direção a isso. E em no livro de Segunda Kefa [Pedro] 3:3-7 [as partes entre colchetes e/ou de outra cor foram destaques/comentários meus]:

Lavagem da maldade, da 
tzara'at da humanidade, na 
época de Noach.
"Em primeiro lugar, entendam isto: nos últimos Dias, surgirão escarnecedores, seguidos seus desejos, e perguntando: 'onde está a prometida 'vinda' dele? Porque nossos pais morreram, e tudo segue como era desde o princípio da criação'. Contudo, desejando muitíssimo estarem certos disso, não notam o fato de que, pela Palavra de D'us, há muito tempo, existem céus e terra surgida da água e existente entre as águas, e que, por causa dessas coisas, o mundo daquele tempo foi submerso [pela água] e destruído. Pela mesma Palavra, os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o Dia do Juízo, quando os ímpios serão aniquilados.

A humanidade já foi lavada de sua tzara'at no Dilúvio de Noach [Noé], entretanto, isso não adiantou. E se não adiantou, o fogo nos está reservado, onde a lepra será destruída para sempre. Primeiro a água; se não adiantar, o fogo E com isso se iniciará, em tempo próximo se o Eterno assim permitir, o reinado do nosso Mashiach Yeshua, amém!

Edgard MacFraggin'

domingo, 17 de março de 2013

A profecia sobre o "fim" da Torah

"Então os que temiam Adonai falaram em conjunto, e Adonai escutou e ouviu. Um livro de registro foi escrito na presença dele para os que temiam Adonai e respeitavam-lhe o nome."
"Lembrem-se da Torah de Mosheh, meu servo, quando lhe ordenei, no Horev, leis e regras para todo o Yisra'el
Mal'akhi 3:16 e 22 [Bíblia Hebraica; o 3:22 corresponde ao 4:4 da Bíblia Cristã]

"Então os que temem ao Eterno falavam uns aos outros e o Eterno atentava e ouvia. (...) o profeta Malaquias fala de um tempo em que todos se voltarão contra o Todo-Poderoso e declararão que a observância da Torah parece ser totalmente desnecessária." BUNIM, I. M. A Ética do Sinai, p. 147.

Vivemos nessa Era assombrosa profetizada por Malaquias. Ele foi um dos três últimos profetas de Israel, sendo os outros dois Ageu e Zacarias, sendo que todos morreram no mesmo mês, no ano 313 a.C. Pouco antes de Yeshua vir, já havia sido profetizado que chegaríamos a uma Era em que muitos diriam que a Torah não tem mais validade, que não é necessário cumprir, etc. E ainda dizem que foi essa a missão do Messias em vir a terra! Abolir a Torah! 
O Eterno foi tão cuidadoso e tão carinhoso ao nos dar a Sua Torah. Ela nos ensina a viver, nos ensina a agradar ao D'us de nossos pais, Abraão, Isaac e Jacó. A Torah do Eterno foi inspiração para que o Rei David escrevesse lindos salmos, elogiando o valor dela. Falando que felizes são aqueles que nela meditam de dia e de noite (Salmo 1).
Precisamos urgentemente repensar esse posicionamento para assim sermos contados entre aqueles que agradam ao Eterno. 
Shalom aleichem, 
Edgard MacFraggin'

quarta-feira, 6 de março de 2013

Existe diferença entre um x-bacon e um ser humano?

O nome desse sanduba é
X-bacon e não X-Cornélius
"No dia seguinte, por volta do meio-dia, enquanto eles ainda estavam a caminho e se aproximavam da cidade, Kefa [Pedro] subiu ao telhado para orar. Ele sentiu fome e quis algo para comer; mas, enquanto preparavam a refeição, ele caiu em êxtase no qual viu o céu aberto, e algo parecido com um grande lençol estava sendo baixado à terra pelos quatro cantos. Nele havia todas as espécies de animais quadrúpedes, criaturas rastejantes e aves ariscas. Então um voz lhe disse: 'Levante-se, Kefa [Pedro]; mate e coma!"

Obviamente sim. Existe muita diferença entre uma pessoa e um x-bacon. Só para contextualizar, existem alguns alimentos que os judeus não se alimentam, são considerados trefá [impuros]. Entre eles está o suíno, por isso coloquei o "x-bacon". O contexto do versículo é o seguinte: existia um homem chamado Cornélio, que era temente ao Eterno. Ele não era judeu, mas orava a D'us e realmente O servia. Então, D'us quer que Kefa [Pedro] vá lá ter com esse homem. E por isso a visão. Kefa responde inicialmente, quanto a visão, que ele não irá comer comida trefá. Ele é judeu e segue aos mandamentos. Então a visão se repete mais duas vezes. Depois disso, os homens de Cornélio chegam a casa onde Kefa [Pedro] está para procurá-lo. Então, para quê foi essa visão? Certamente para mostrar para Kefa que aquele homem incircunciso também era amado pelo Eterno, e que ele deveria ir ter com ele. Talvez, no fundo, Kefa considera-se os incircuncisos como impuros, como trefá! Mas o Eterno muda isso nele. 

Esse aqui afirma que come porco porque
em Atos 10 as leis alimentares foram
abolidas
Mas o motivo principal desse post não é esse. O que desejo mostrar é que a visão de Kefa nada tinha a ver com alimentação. Quando terminou a visão, será que Kefa foi atrás de um churrasco de porquinho? Ou de comer camarão grelhado? Não! A visão não o permitia depois quebrar a Torah! A Torah não mudou quanto as regras alimentares. Só que muita gente que não compreende nada da Torah afirma com esse trecho que as leis alimentares foram abolidas. Em primeiro lugar, elas nunca foram aplicadas aos não judeus. Então, elas ainda têm validade, para os judeus. Mas não pensem que os não judeus não possuem nenhuma regra alimentar, pois possuem. Já vi gente usando erronea e precipitadamente um trecho de Timóteo para falar que não há regras alimentares para ninguém. Mas em Atos 15 está expressamente proibido comer sangue e carne de animal sufocado. Isso para os não-judeus que servem a D'us. As regras alimentares continuam valendo para todos, cada um na sua categoria.  

"As pessoas que entendem esses símbolos literalmente poderiam também pensar que, quando o Messias nos exortou a ser como pombas, quis dizer que deveríamos botar ovos" C. S. Lewis
Essa  frase do Lewis é sensacional. Quem interpreta o texto de Atos 10 como referente aos hábitos alimentares, de que eles foram abolidos, deve começar a construir um ninho e botar alguns ovinhos. Ovos de pombo, faz favor. 

Edgard MacFraggin'

sexta-feira, 1 de março de 2013

Sem Torah não existe o conhecimento do que é pecado

"Porque até ao regime da Torah havia pecado, mas o pecado não é levado em conta quando não há Torah." Romanos 5:13

Parashah é a porção semanal da Torah que é lida no shabbat pelos judeus, no mundo todo. De forma que em um ano, a Torah foi completamente lida. A parasha dessa semana é a Ki Tissá (Êxodo 30:11 - 34:35). Nessa parashah é relato sobre a outorga da Torah ao povo de Israel. Também fala do vergonhoso evento do bezerro de ouro. 
Daí, estava lendo algumas seleções do Midrash no site da Beit Chabad. E lá parte do bezerro de ouro, depois que Moisés desce e vê o povo agindo de maneira profunda, o Midrash fala que as letras daquelas duas tábuas de safira desapareceram. Aquelas tábuas de pedra que haviam recebido a preciosa grafia do Eterno eram agora apenas tábuas de pedra. Então, Moisés as quebra. As espatifa no chão. E por que ele fez isso?   
O rabino Paulo responde isso perfeitamente em Romanos 5:13. Se não há Torah, não há pecado, pois não há como transgredi-la. Assim, Moisés agiu sabiamente em quebrar as tábuas de pedra, pois o povo não seria tão severamente punido; se as tábuas estvessem lá, o povo teria sido réu de pecado gravíssimo. 
Moisés ainda, diz o Midrash, que destrói o bezerro de ouro, o transforma em pó e o mistura a água; e a todo mundo foi dado essa água para beber. E assim o povo viu que aquele bezerro, a quem haviam chamado de 'deus' estava agora dentro do estômago de cada um deles. 
Isso é muito interessante. A Torah foi de modo algum abolido. A Torah nos ensina a servir ao Eterno, a agradá-Lo. 
A Torah aos judeus; as Sete Leis de Noé aos não-judeus. E assim agradamos com a mesma intensidade ao Eterno.
Sem Torah não existe o conhecimento do que é pecado... logo, não temos conhecimento daquilo que desagrada ao Eterno. A não existência da Torah não faz que o pecado seja inexistente. Faz que ele seja desconhecido.

Edgard MacFraggin'

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Se "a Lei foi abolida", a Graça é uma Anarquia

Diversas vezes escutei - e na verdade cresci com outros me ensinando - que "a Lei foi abolida". Nisso, diziam que a Lei Mosaica foi abolida, que vivemos num período de Graça. Que o Messias veio abolir a Lei e criar uma Igreja, uma nova religião. Vai por aí. 


Mas, se a Lei foi abolida, será que podemos mentir? "Claro que não", eles respondem. Podemos matar? Roubar? Prostituir? "Não, não e não". Mas se não há Lei, como saber o que é certo e o que é errado? Não há como! Então, quem é que regula tudo isso? Responderão de forma mais ou menos assim: "o Messias aboliu a Lei". Será? Será que o Messias falou alguma coisa a respeito disso? Sim, ele disse. Lá em Mattityahu [Mateus] 5:17 - "Não pensem que vim abolir a Torah ou os Profetas. NÃO VIM ABOLIR, mas completar". Será que o Messias estava mentindo? Obviamente não. 



Diversas vezes o Eterno afirma lá na Torah que o que Ele estava ordenando que o povo fizesse era um "estatuto perpétuo", ou seja, não iria ter fim, o povo nunca deveria deixar de fazer nas gerações seguintes. Assim, se dizem que "Lei foi abolida", estão dizendo necessariamente que o "Eterno mentiu", pois ele disse que a Lei nunca seria abolida. Isso é muito sério, creio que as pessoas não param pra refletir sobre isso.

Talvez as pessoas achem que os que praticam a Lei Mosaica (não são obrigados a cumprir a Torah os enquadrados em Atos 15. Mas também não foi proibido que eles cumprissem, caso desejassem) o façam pensando na própria salvação, para ser salvos. Ou então, acham que eles são legalistas. Vou narrar uma explicação muito boa que ouvi na sinagoga. A salvação é pela Graça. É algo dado pelo Eterno. Entretanto, ela não nos ensina a viver. A Lei nos mostra como devemos nos portar. É como se a Salvação fosse o convite para a festa. Mas a festa é de gala, devemos nos comportar lá dentro, nos vestir adequadamente, não colocar doces e salgados nos bolsos, etc. E isso é a Lei que nos ensina. É ela que nos ensina a agradar o "dono da festa", a agradar o Eterno. Quanto a legalidade, Yeshua nunca disse que quem guarda a Lei é legalista, caso contrário, o Messias também seria legalista. Há dois jeitos de guardar a Lei: sendo legalista ou fazer de todo seu coração, de toda sua alma e força. E isso não é ser legalista. Cumprir a Lei é o nosso Serviço ao Eterno. Isso é adoração. Quando eu guardo o Shabat, eu adoro o Eterno. Quanto uso o tsitsit, ou talit ou a kipah, eu adoro o Eterno. Isso faz dar sentido quando eu canto louvores, quando eu oro, etc. Que adiantaria cantar louvores ao Eterno se eu minto, roubo, pratico adultério e não me arrependo dessas coisas? Isso é falsidade! Cumprir a Lei é adorar ao Eterno, é por isso que cumprimos. 

E se não há Lei, quem é que legisla tudo? Porque se alguém "aboliu a Lei", tiveram que criar uma nova lei. E essa "nova lei" é muito semelhante à antiga, pois diz basicamente as mesmas coisas, mas dá também abertura para inserir coisas que a Torah do Eterno proíbe. Por exemplo, o culto à trindade. E essa "nova lei" é bastante semelhante às "7 Leis Noéticas", um conceito muito antigo do Judaísmo, desconhecido de muitos, de muitos mesmos. As Leis Noéticas foram narradas em Atos 15. E mesmo assim, se afirmam que nem uma "nova lei" existe, então tudo é uma anarquia. Ninguém pode afirmar que mentir é pecado. Que roubar é pecado. Não havendo Lei, não há possibilidade de pecar. E as pessoas podem andar cegamente, desagradando o Eterno com isso. Fazer isso é, de certa forma, pensar que nossa sociedade poderia existir sem um Código Penal, sem a Constituição, sem Leis de Trânsito, etc. É voltar à Idade da Pedra e viver segundo os desejos errados dos nossos próprios corações. 

A salvação vem do Eterno. Portanto, devemos agradá-Lo sim. Imagine que fomos salvos e apesar disso saímos deliberadamente quebrando preceitos. Será que a Salvação pode ser perdida? Claro que sim. O Eterno nos dotou de poder de escolha. E podemos escolher nos afastar dEle, mesmo um dia estando perto. Se queremos agradar ao Eterno, devemos cumprir suas Leis. Seja toda a Torah (caso dos judeus) ou "as 7 Leis Noéticas" (caso dos não judeus - explicado em Atos 15, embora já fosse algo bastante antigo dentro do Judaísmo). 

Shalom aleichem, 
Edgard MacFraggin'