domingo, 30 de novembro de 2014

Os Outros Povos Choram




Há um tempo atrás, escutei numa palestra do Rabino Lord Jonathan Sacks sobre uma moça judia que participava de um projeto de ajuda social na África. Infelizmente, não me recordo o nome dessa moça. O Rabino Sacks contava o motivo pelo qual ela havia ido à África ajudar as pessoas ali. Ela disse algo mais ou menos assim em referência à Segunda Guerra Mundial: “Nosso povo chorou durante anos e ninguém os escutou. Outros povos estão chorando agora e será que nós não os vamos escutar?”
Que exemplo profundo de amor. O Rabino Moré Ventura ensina algo mais ou menos assim: “Nós judeus somos B’nei Avraham, Filhos de Abraão, mas todos nós humanos somos B’nei Elokim, Filhos do Eterno, bendito seja ele”. Somos todos filhos de um mesmo Pai. O Rabino Meir Melamed chama-nos atenção em um comentário de Bereshit (Genesis) 29:15:
“É interessante notar com que espontaneadade a gente da antiguidade tratava uns aos outros de irmãos. Labão considerou imediatamente Jacó como seu irmão. Jacó chamou de irmãos a uns pobres pastores idólatras. ‘Meus irmãos, de onde sóis vós?’ (Bereshit 29:4). Essas duas palavras não podem passar despercebidas, e a humanidade deveria aprender, finalmente que, sendo uma só família, o trato com os nossos semelhantes tem que ser de irmão para irmão.”
Esse comentário é encontrado na pág. 59 da Torá traduzida e comentada pelo Rabino Meir Matzliah Melamed.

Todo ato terrorista é absolutamente condenável. Mas será que podemos esperar receber amor de palestinos e muçulmanos enquanto existem judeus que odeiam outros povos ou pessoas de outras religiões? Só podemos esperar amor deles quando não mais partir ódio de nosso lado. Não podemos usar dois pesos e duas medidas. Só receberemos uma medida de amor quando uma medida de amor partir de nosso lado. Será que a morte ainda que seja de um terrorista não deixa nenhuma criança órfã ou mulher viúva? Será que essa criança ou essa viúva não irão chorar e se entristecer pela morte de seu pai ou esposo? E eles pelas atitudes de desse terrorista? Será que vamos deixar de no mínimo rezar para que o Eterno console esses corações? Mas será que não podemos fazer mais?

Nós todos temos como exemplo nossos patriarcas. Será que nós teríamos a audácia de odiar o que Abraão nosso pai amava? Será que podemos odiar e desejar sofrimento a quem Isaac nosso pai amava? Abraão abençoou Ismael e Isaac abençoou Esaú. Eles dois não se tornaram parte do povo judeu, mas isso não os privou de ser abençoados. Se fazemos parte do povo judeu é para que através de nós “todas as nações da terra sejam benditas”, isso está na Torá. Devemos viver um Judaísmo relevante para a sociedade atual. Ser uma vela acesa debaixo do sol de meio dia é muito fácil. Difícil é ser como uma vela acesa em meio as trevas. Mas foi justamente para isso que as velas foram criadas.
Edgard MacFraggin'

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