segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Dogmas Caninos

         “Cachorro” em inglês se diz “dog”. E como são interessantes esses animais, chegando a ser considerados em muitas culturas como “o melhor amigo do homem”. Apesar de muito carinhosos, não é nada recomendado brincar com um cachorro que está saboreando um osso ou algum outro alimento: nesses momentos, o instinto predomina e eles têm uma tendência a se mostrar agressivos, por imaginar que querem lhe tomar o osso. Um animal não é capaz, na maioria dos casos, de dividir seu alimento com outros que não a sua prole. Assim, diante da possibilidade da perda, os cães reagem de forma única, a saber, agressivamente. Se um cão quer o osso de outro, ele provavelmente irá disputar o alimento em uma briga. Cães são incapazes de pensar em comprar o osso do coleguinha peludo, ou mesmo de trocar, ou de pedir educadamente. Eles respondem diante dessa situação e de tantas outras de uma Única Forma.
Felizmente, nós não somos como cães. Entretanto, muitos de nós nos comportamos de maneira semelhante em muitos casos. Alguns de nós chegam a ter Atitudes Únicas diante de diferentes situações. Esse é o caso dos dogmas. É muito interessante notar que justamente a palavra “dog” (“cachorro” em inglês) está presente na palavra “dogma”. Assim, uma fé Dog-mática é uma fé adequada a um cão, lhe cabe muito bem; pois agir de forma dog-mática é agir como os cães agem, de Forma Única diante de tudo. Mas a nós, só pode fazer mal, nós não somos cães. Somos convidados a ponderar sobre diferentes situações, e em todo o tempo.
No livro “A Ética do Sinai”, de Irving Bunim, é nos dito que não é bom ser vizinho de um Chassídico tolo. O Chassídico tolo é semelhante a um homem de uma história contada pelo nosso povo. Uma mulher estava se afogando e um suposto sábio, depois de vê-la pedir ajuda, virou de costas e seguiu seu caminho, deixando que ela morresse. E por que ele fez isso? Pois pensou na proibição que existe de que “um homem não deve tocar uma mulher que não seja sua esposa”. Esse homem agiu como um cão. Deveria ele ter se lembrado de que a vida é maior que esse preceito, assim, ele tinha a obrigação de salvar a mulher que se afogava.
Deve ser por isso que os cães não fazem perguntas: como eles tem apenas um tipo de resposta para cada pergunta, estas se tornam dispensáveis. Mas nós nos fazemos perguntas o tempo todo e diante de diferentes situações temos o Dever Religioso de dar Respostas Diferentes. O Rabino Lord Jonathan Sacks nos ensina que “Responsabilidade é ter Habilidade em dar Resposta”. Eu diria, parafraseando-o que “Responsabilidade é ter Habilidade em não ser um cão”.
Edgard MacFraggin’

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