domingo, 9 de novembro de 2014

Ciúmes: um termômetro para o bem e um aquecedor para o mal

Uma piadinha pra descontrair :) 
Esses dias, tomei conhecimento de um fato que pareceu-me uma clara demonstração de ciúme, o que fez lembrar-me de uma outra situação que ocorreu comigo, cerca de 12 anos atrás. Na época, eu estava com aproximadamente 15 anos de idade. Viajei até a cidade onde mora minha tia, para passar ali alguns dias com eles.
Assim que cheguei, minha prima, um ano mais nova que eu, me convidou para irmos tomar um sorvete, num lugar ali perto. Junto conosco, iria um rapaz aparentemente um pouco mais velho que eu e aparentemente amigo de minha prima. Estávamos conversando bem, o cara parecia ser legal e tal. Até que chegamos na sorveteria. Eu cheguei e me servi e minha prima também se serviu. O rapaz, entretanto, não o fez. Pensei comigo mesmo "ah, ele não deve gostar muito de sorvete ou então vai comer outra coisa", ou algo semelhante a isso.
Para a minha surpresa, minha prima e o rapaz começaram a tomar o sorvete que minha prima havia servido juntos! Quando aquela cena se colocou diante de meus olhos eu fervi de raiva. Recordo-me de ter vontade de mandar minha prima se servir novamente e deixar aquele sorvete para o rapaz, pois "prima minha não fica tendo refeições desse jeito". Bom, eu não disse nada da ocasião, mas acredito que, pelo menos minha prima, deve ter percebido que o "clima fechou" pra mim naquele momento. Não sabia eu, ninguém havia me contado ainda, que minha prima estava namorando com aquele rapaz. Mas é capaz que mesmo que eu soubesse teria reagido de maneira semelhante.
Acho que tudo isso me fez parar e refletir sobre essa questão de sentir ciúmes. Poxa, por que nós o sentimos? Eu particularmente não gosto de sentir ciúmes e não acho que a manifestação pública dele seja algum tipo de demonstração de amor, como muitos entendem, mas sim uma manifestação de possessão, de achar que é possível ter posse ou propriedade do outro. E geralmente, manifestações exteriores de ciúmes acabam em problemas ou até mesmo tragédias. O problema é que o ciúme inevitavelmente se manifesta.
Será que ele pode ser considerado como bom? Pode ser que sim, pode ser que não. Eu penso que o ciúmes é com certeza algum tipo de termômetro. Só sentimos ciúmes de pessoas ou coisas que nos são preciosos. Assim, esse ciúme-termômetro pode ser uma ferramenta completamente pessoal de autoanálise, de um auto reconhecimento de por quem sentimos ciúmes nos é muito precioso. E, nessa analogia, o ciúme se torna um termômetro-aquecedor é que ele se torna problema, muitas vezes destrutivo. Vou usar um exemplo para explicar.
Vamos imaginar que um cachorrinho chegou passando mal na clínica. Pegamos o termômetro para aferir a temperatura e constatamos que ele está com febre e bem alta, correndo risco de vida. O que devemos fazer? Certamente, ligar um aquecedor NÃO está entre as opções de tratamento. A função desempenhada pelo termômetro foi muito boa, pudemos aferir a temperatura do animal e poderemos também acompanhar a evolução do quadro. Agora, que função em resolver o quadro febril teria um termômetro-aquecedor demoníaco? Nenhuma. Se esse termômetro, ao constatar que o animai estivesse febril começasse a aquecê-lo, muito provavelmente acabaria ocasionando óbito no animal, não ajudando em nada na resolução do quadro. Quem deve reagir a situação que deixou o cachorro febril é o próprio cachorro e não o termômetro. No caso de ciúmes, quem deve tomar alguma atitude não é o ciumento e sim a pessoa a quem ele tem ciúmes - se for o caso, pois também existem os ciumentos compulsivos. A presença do ciúme serve para que, se ainda não houvermos percebido, percebamos que tal pessoa coisa nos é importante. Agora, reagir a isso e tornar o cipumes público é apenas uma reação de aquecimento, que pode gerar uma situação de pequeno desconforto indo até mesmo à morte.
Como disse anteriormente, não entendo que demonstrar ciúmes seja uma manifestação de amor. Muito pelo contrário: pessoas que fazem isso me parecem sentir-se donas do Outro. Entretanto, eu acho que pessoas que criam situações para que o Outro sinta ciúmes dela são pessoas profundamente doentes e que comentem um pecado abominável. E quando um dos amantes percebe que seu amado está sentindo ciúme, assim como um cão febril deve reagir à própria febre, esse amante deve reagir visando amenizar a situação, acabar com a medição de febre do termômetro daquele que sente ciúmes. Talvez valha a pena, diante de uma situação dessas, que quem é alvo de ciúmes tranquilize o termômetro do outro e isso pode ser feita de diversas formas. Um amigo meu me contou uma situação que achei de genial resolução. Esse meu amigo é um cara boa pinta, "bonitão" e tal. Certa vez, ele havia ido com a namorada à uma churrascaria, pra ter uma noite de casal. Uma moça ilustremente desconhecida que estava ali teve o descabimento de chegar até eles e pedir pra tirar uma foto junto com meu amigo! Ele disse que naquele momento, o clima fechou. Instaneamente, ele percebeu que a namorada dele havia ficado - com razão - uma fera e que a noite romântica deles estava a ponto de escorrer pelo ralo. O que ele fez? Sacou em frações de segundo uma ideia muito inteligente. Ele respondeu à inconveniente moça mais ou menos assim: 

 - Claro que podemos tirar uma foto, mas só se na foto eu estiver beijando minha namorada! 

Genial, não? Assim, diante de uma situação que tinha o potencial pra ferver, o amor deles foi adequadamente reafirmado e a situação se resolveu. Acredito que aquele foi um dos melhores encontros românticos que meu amigo teve.


Edgard MacFraggin'

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