Uma piadinha pra descontrair :) |
Esses dias, tomei conhecimento de
um fato que pareceu-me uma clara demonstração de ciúme, o que fez lembrar-me de
uma outra situação que ocorreu comigo, cerca de 12 anos atrás. Na época, eu
estava com aproximadamente 15 anos de idade. Viajei até a cidade onde mora
minha tia, para passar ali alguns dias com eles.
Assim que cheguei, minha prima,
um ano mais nova que eu, me convidou para irmos tomar um sorvete, num lugar ali
perto. Junto conosco, iria um rapaz aparentemente um pouco mais velho que eu e
aparentemente amigo de minha prima. Estávamos conversando bem, o cara parecia
ser legal e tal. Até que chegamos na sorveteria. Eu cheguei e me servi e minha
prima também se serviu. O rapaz, entretanto, não o fez. Pensei comigo mesmo
"ah, ele não deve gostar muito de sorvete ou então vai comer outra
coisa", ou algo semelhante a isso.
Para a minha surpresa, minha
prima e o rapaz começaram a tomar o sorvete que minha prima havia servido
juntos! Quando aquela cena se colocou diante de meus olhos eu fervi de raiva.
Recordo-me de ter vontade de mandar minha prima se servir novamente e deixar
aquele sorvete para o rapaz, pois "prima minha não fica tendo refeições
desse jeito". Bom, eu não disse nada da ocasião, mas acredito que, pelo
menos minha prima, deve ter percebido que o "clima fechou" pra mim
naquele momento. Não sabia eu, ninguém havia me contado ainda, que minha prima
estava namorando com aquele rapaz. Mas é capaz que mesmo que eu soubesse teria
reagido de maneira semelhante.
Acho que tudo isso me fez parar e
refletir sobre essa questão de sentir ciúmes. Poxa, por que nós o sentimos? Eu
particularmente não gosto de sentir ciúmes e não acho que a manifestação
pública dele seja algum tipo de demonstração de amor, como muitos entendem, mas
sim uma manifestação de possessão, de achar que é possível ter posse ou
propriedade do outro. E geralmente, manifestações exteriores de ciúmes acabam
em problemas ou até mesmo tragédias. O problema é que o ciúme inevitavelmente
se manifesta.
Será que ele pode ser considerado
como bom? Pode ser que sim, pode ser que não. Eu penso que o ciúmes é com
certeza algum tipo de termômetro. Só sentimos ciúmes de pessoas ou coisas que
nos são preciosos. Assim, esse ciúme-termômetro pode ser uma ferramenta
completamente pessoal de autoanálise, de um auto reconhecimento de por quem
sentimos ciúmes nos é muito precioso. E, nessa analogia, o ciúme se torna um
termômetro-aquecedor é que ele se torna problema, muitas vezes destrutivo. Vou
usar um exemplo para explicar.
Vamos imaginar que um cachorrinho
chegou passando mal na clínica. Pegamos o termômetro para aferir a temperatura
e constatamos que ele está com febre e bem alta, correndo risco de vida. O que
devemos fazer? Certamente, ligar um aquecedor NÃO está entre as opções de
tratamento. A função desempenhada pelo termômetro foi muito boa, pudemos aferir
a temperatura do animal e poderemos também acompanhar a evolução do quadro.
Agora, que função em resolver o quadro febril teria um termômetro-aquecedor
demoníaco? Nenhuma. Se esse termômetro, ao constatar que o animai estivesse
febril começasse a aquecê-lo, muito provavelmente acabaria ocasionando óbito no
animal, não ajudando em nada na resolução do quadro. Quem deve reagir a
situação que deixou o cachorro febril é o próprio cachorro e não o termômetro.
No caso de ciúmes, quem deve tomar alguma atitude não é o ciumento e sim a
pessoa a quem ele tem ciúmes - se for o caso, pois também existem os ciumentos
compulsivos. A presença do ciúme serve para que, se ainda não houvermos
percebido, percebamos que tal pessoa coisa nos é importante. Agora, reagir a
isso e tornar o cipumes público é apenas uma reação de aquecimento, que pode
gerar uma situação de pequeno desconforto indo até mesmo à morte.
Como disse anteriormente, não
entendo que demonstrar ciúmes seja uma manifestação de amor. Muito pelo
contrário: pessoas que fazem isso me parecem sentir-se donas do Outro.
Entretanto, eu acho que pessoas que criam situações para que o Outro sinta
ciúmes dela são pessoas profundamente doentes e que comentem um pecado
abominável. E quando um dos amantes percebe que seu amado está sentindo ciúme,
assim como um cão febril deve reagir à própria febre, esse amante deve reagir
visando amenizar a situação, acabar com a medição de febre do termômetro
daquele que sente ciúmes. Talvez valha a pena, diante de uma situação dessas,
que quem é alvo de ciúmes tranquilize o termômetro do outro e isso pode ser
feita de diversas formas. Um amigo meu me contou uma situação que achei de
genial resolução. Esse meu amigo é um cara boa pinta, "bonitão" e
tal. Certa vez, ele havia ido com a namorada à uma churrascaria, pra ter uma
noite de casal. Uma moça ilustremente desconhecida que estava ali teve o
descabimento de chegar até eles e pedir pra tirar uma foto junto com meu amigo!
Ele disse que naquele momento, o clima fechou. Instaneamente, ele percebeu que
a namorada dele havia ficado - com razão - uma fera e que a noite romântica
deles estava a ponto de escorrer pelo ralo. O que ele fez? Sacou em frações de
segundo uma ideia muito inteligente. Ele respondeu à inconveniente moça mais ou
menos assim:
- Claro que podemos tirar
uma foto, mas só se na foto eu estiver beijando minha namorada!
Genial, não? Assim, diante de uma
situação que tinha o potencial pra ferver, o amor deles foi adequadamente
reafirmado e a situação se resolveu. Acredito que aquele foi um dos melhores
encontros românticos que meu amigo teve.
Edgard MacFraggin'
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