terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Proteção nos Desertos


Que desertos são lugares de condições extremas todos sabem. Mas quanto sabemos a respeito disso? Numa rápida pesquisa no Google, verifiquei que, durante o verão, a temperatura pode chegar a 45 oC durante o dia e 0 oC ou menos durante a noite (no inverno). A amplitude térmica diária é absurda. A umidade do ar é extremamente baixa. Condições terríveis de sobrevivência. Animais e plantas que ali habitam foram criados de forma muito hábil para ali se manterem.
É possível imaginar uma comunidade com um número enorme de pessoas, com muitos idosos e crianças, além de rebanhos imensos de animais num lugar como esse? Sim, sim, é possível. A tecnologia atual e também a de centenas de anos atrás mesmo já poderia facilitar bastante a vida dessa comunidade. Mas e se essa comunidade ocorreu há cerca de seis mil anos atrás?
Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite.” Êxodo 13:22
“E guiaste-os de dia por uma coluna de nuvem, e de noite por uma coluna de fogo, para lhes iluminar o caminho por onde haviam de ir.” Neemias 9:12
Enquanto estive na França, fiquei refletindo sobre esse assunto. Com relação ao estágio que fiz lá, foi maravilhoso, conheci pessoas maravilhosas, grandes amizades. No laboratório, aprendi bastante, foi muito agradável. Mas algumas coisas eram bem ruins: ficar muito tempo apenas comigo mesmo. Muitos momentos foram de tristeza, de choro e de saudades. A sensação que eu tive era que tudo se multiplicava por 10: pequenas alegrias eram motivo de muita alegria, e pequenas coisas eram motivo de muita tristeza. Mesmo os irmãos da igreja não eram tão próximos. Acho que por algo cultural mesmo. Apenas um foi presente, foi caloroso. Mas eu precisava de apenas um mesmo.
No final do estágio passei talvez pelo período mais crítico ali. Já estava há praticamente dois meses sem ver nenhum parente, sem estar perto do pastor, nenhum dos amigos que deixei aqui no Brasil, sem ninguém pra poder desabafar realmente... E como eu disse, pequenas coisas se tornavam motivo de grande tristeza.
Nesse período, sinceramente, me senti abandonado. No final de semana em questão (sábado e domingo), não encontrei nenhum brasileiro. Fiquei no apartamento jogando Nintendo DS praticamente o dia inteiro, mais de 24h sem pisar fora da kit net. Aí aquele que foi exceção me ligou: o irmão Gilles Kudo, um africano naturalizado francês, se mostrou um verdadeiro cristão. Tinha o encontrado apenas uma vez anteriormente, num domingo na igreja Batista em Toulouse. Trocamos emails, mas não tínhamos nos visto novamente em cerca de um mês inteiro. Naquele final de semana eu precisava de um amigo. E naquele final de semana ele entrou em contato comigo para irmos comer pizza. Deus sabe o que faz.
Como foi maravilhoso poder desabafar com ele os problemas que estava passando. Como estava gostosa aquela pizza. E como foi bom, no final da noite poder orar juntos, um pelo outro, onde pude me derramar diante do Senhor Altíssimo. E começar a vivenciar a cura do meu coração.
Depois daquela noite pude dormir bem mais tranqüilo. A alegria de saber que Deus cuida de mim tomou meu coração e meu espírito. Nos dias que se seguiram, Gilles entrou em contato comigo diariamente, seja por telefonema ou por email. E assim eu fui melhorando e melhorando. E comecei a pensar sobre os desertos. Mais especificamente, sobre o Povo de Deus andando 40 anos no deserto.
Deus sabia que as condições de deserto são extremas. Ele sabia que no meio do povo havia idosos, crianças, recém-nascidos (sim, o povo aumentou no deserto), rebanhos de animais... E Deus cuidou de todos eles! Mandou água para beberem, o Maná para comerem! E durante o dia mandou a Coluna de Nuvem para diminuir o calor; e de noite, a Coluna de Fogo os aquecia e iluminava o caminho. Deus tornou aquele deserto suportável. Deus não nos mete em situações as quais estão além da nossa capacidade de suportar. Ele torna mesmo as provações e as tristezas em coisas suportáveis. E Ele mostrou isso para mim. Não apenas com relação a esse momento especifico ali na França, mas em todo o período em que lá estive. Até mesmo antes de ir, Ele providenciou tudo. Mas ali pude sentir com mais intensidade a Sombra do Onipotente.
Novos desertos eu tenho certeza que passarei. Assim como todos nós. Espero lembrar que Deus cuida de nós. Que Ele alivia o nosso deserto, o torna suportável. E no deserto aprendemos muito sobre o Poder de Deus. E é possível também olharmos para nós mesmos, ver as inúmeras imperfeições que nos impedem de ter uma vida abundante. É através das lutas que temos vitória.
Que a Paz do Grande Leão esteja com todas as Suas ovelhas,
Edgard MacFraggin'

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