Ter depressão
é pecado. Transtornos de humor e psicológicos, bipolaridade, pânico, etc,
também são todos pecados. De igual modo, ter dor de barriga, unha encravada, cólicas
menstruais, infarto do miocárdio, espinhas no rosto, diarreia, desidratação,
náuseas, pressão alta, osteoporose, obesidade, reumatismo, bronquite, pedra nos
rins, colesterol alto, gripe, caquexia, etc, é tudo pecado também. Quem fica
doente é um pecador.
Sei que o
primeiro parágrafo teve uma construção bastante absurda. Mas infelizmente, muitas
pessoas, de diferentes religiões, acreditam que ter transtornos ligados ao
Sistema Nervoso Central seja pecado, e um dos mais graves pecados. Eu acho que, pelo menos atualmente,
qualquer um que tenha religião - seja judeu, cristão, muçulmano, o que for -
quando tem algum problema de saúde procura um médico. Se alguém quebra um
braço, não vê nenhum problema em ir ao hospital colocar uma imobilização ou
algo do tipo. Se tem dor abdominal, certamente toma um chá, ou algum
medicamento para alívio das dores. Parece-me as vezes que, no discurso de
alguns religiosos, uma pessoa pode ter problemas patológicos em quaisquer
sistemas do organismo - cardiovascular, respiratório, digestório, articular,
urinário, etc - que é algo aceitável, passível de tratamento, de tomar
medicação sem nenhum problema. Agora, se alguém apresenta algum distúrbio no
Sistema Nervoso (no sentido fisiológico do termo, como qualquer outro dos
Sistemas do organismo) é porque essa pessoa é "pecadora", porque é
"um pecado ter doenças ou patologias neurológicas". Já estou cansado de ouvir pessoas dizerem que "ter depressão é pecado". Isso me faz lembrar bastante da Idade Média, em que as pessoas acreditavam piamente que crises epilépticas eram na verdade uma possessão demoníaca! Mas, naquela época, a ciência não era tão avançada quanto hoje e nem métodos diagnósticos tão bons.
Algum tipo de
pecado é responsivo a tratamento medicamentoso? Será que um adúltero pode tomar
um remédio e parar de adulterar? Ou um idólatra tomar uma injeção e abandonar a
idolatria? Sabe-se que pessoas em crise psíquica respondem a tratamento
medicamentoso, logo, existe uma base patológica por trás desses problemas. Se há
uma alteração na concentração de determinados neurotransmissores no cérebro,
transtornos ligados ao comportamento certamente irão ocorrer. Existem pessoas
que têm predisposição genética para o problema, existem famílias em que esses
tipos de crise surgem em diferentes indivíduos - da mesma forma como existe
predisposição genética a ter pressão alta, diabetes, entre outras doenças.
Na Bíblia
vemos exemplos de homens elevadíssimos espiritualmente que passaram por situações em certo
sentido semelhantes a quadros depressivos. Tanto o grande profeta Moisés quanto
o profeta Elias tiveram momentos em suas vidas que tiveram vontade de morrer
(vontade normalmente presente em pessoas em quadro depressivo). E será que eles
pecaram por isso? Eu creio que não. Somos humanos, somos fracos, somos
limitados. Será que alguém é capaz de suportar tamanho sofrimento sem desejar a
morte? Moisés e Elias desejaram a morte, e eram homens, como já disse, elevadíssimos.
Ter depressão
não é ser insatisfeito com relação ao Eterno. É ser incapaz de conseguir
romper, de enfrentar sofrimento. É ser insatisfeito consigo mesmo, é achar-se
incapaz. E eu digo isso não apenas como alguém que conhece pessoas que passaram
por quadro depressivo, mas como alguém que já passou por depressão. Lembro-me
que quando tive a crise quem mais me ajudou - fora meus familiares - foram
pessoas que já tinham enfrentado e superado alguma crise depressiva. Eram pessoas
amáveis e pacientes, que realmente me ajudaram nesses momentos críticos - e
devo muito a elas. Desmerecer uma pessoa que enfrenta um transtorno
psicológico, chamando-a de "pecadora" ou dizendo "você está
assim porque você quer" é semelhante a eletrocutar um cachorro tetraplégico.
É piorar o sofrimento de alguém que precisa mais do que nunca ser acolhido, ser
cuidado. Naqueles terríveis dias que passei, pessoas sem nenhum vínculo forte
com religião, até mesmo ateus, me ajudaram mais que muitos 'religiosos' por aí. Trataram-me
com dignidade e ajudaram-me a recuperar a dignidade. Não me causaram humilhação
seja em particular como em público e respeitaram o meu espaço. Pessoas
religiosas também me ajudaram naquela época, e foi bastante preciosa a ajuda
que me deram. Eu particularmente penso que é uma grande maldade alguém que diz amar a
D'us classificar alguém com qualquer tipo de transtorno como um simples
pecador, como se o quadro por qual a pessoa passa seja apenas um "pecado". Basta lembrar-se do Rei David e de seus Salmos que relatam seu
sofrimento. Nós estamos passíveis a sofrer, e sofrer não é sinônimo de
ingratidão contra D'us. Rebelar-se contra D'us por conta do sofrimento é
pecado, pois rebelar-se contra D'us de qualquer modo é pecado. Entretanto,
muitas vezes o sofrimento serve não para o distanciamento entre o homem e D'us,
e sim para uma aproximação. A vida não é um mar de rosas e creio que poucos são
aqueles que realmente conseguem, sem nenhuma hipocrisia, estar satisfeitos com a situação em que se
encontram em todo o tempo. Existem dias que são felizes, existem dias que são tristes. E
as vezes a ordem é "se entristeça" (vide o Yom Kippur).
Abaixo, alguns
vídeos interessantes do médico Dr. Jair Mari, nos quais ele explica brevemente o lado
fisiológico desses transtornos:
Que o Eterno nos abençoe e nos livre do mal.
Edgard MacFraggin’
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