
Tenho observado de alguns meses
para cá o quanto a figura de Yeshua/Jesus gera interesse e controvérsias em
diferentes meios, mas principalmente entre Cristianismo e Judaísmo. Muitos
judeus dizem, categoricamente, que "ele [Yeshua/Jesus] não pode ter
morrido pelos pecados de ninguém, pois a Torá diz que cada um morrerá pelo seu
próprio pecado" (vide Deuteronômio 24:16). Esse é um argumento muito forte
e eu acho que tem bastante fundamento, pois cada um de nós vai morrer um dia e
cada um pagará por suas transgreções. É isso o que eu acredito, mas pode ser
que não seja assim. Muitas dessas coisas, só o Eterno sabe como será.
Entretanto, não devemos jamais
menosprezar tudo o que aconteceu por conta de Yeshua/Jesus. Quero falar
justamente sobre isso: será que falar que Yeshua/Jesus nos salvou só pode ser
interpretado em um único sentido?
Eu acredito que não. Existe uma
possibilidade mais ampla relacionado a essa questão. Vejamos os povos que
cercavam os judeus na época de Yeshua/Jesus. Qual daqueles povos era sequer
B'nei Noach1? Nenhum deles. E muito longe disso, faziam coisas
abominavéis. E mesmo em outros continentes a coisa não era muito diferente. Peguemos
um exemplo da Europa, os Vikings. Eu gosto bastante dos Vikings, admiro sua
cultura e povo, entretanto, imagine viver naquela época: eles eram bárbaros,
brutais, rituais assassinos eram comuns, entre outras coisas. Algo
completamente longe do ideal Noético. Só com o avançar do Cristianismo que as
coisas foram mudando. Por conta do Cristianismo, os povos foram cada vez mais,
em certo sentido, se aproximando da prática das Leis de Noé.
Talvez nem cristãos e nem
muçulmanos conheçam as Sete Leis, mas a prática deles se aproxima e muito
dessas Leis. Muito mesmo, talvez não de forma ideal, mas certamente muito
melhor que a prática pagã-bárbara de outros povos. E quem foi peça chave nisso
tudo? Justamente Yeshua/Jesus. Por conta de sua mensagem, embora muitas vezes
mal interpretada, muitos povos e a humanidade de modo geral pôde se aproximar
da prática das Leis Noéticas. E se um não-judeu que pratica essas leis serve ao
Eterno, o Deus de Israel, então acredito que foi esse o tipo de
"salvação" que Yeshua trouxe: a possibilidade de conhecer o Deus dos
judeus, o monoteísmo bíblico. Por conta de Yeshua/Jesus, os povos tiveram
acesso, via Cristianismo, à cultura e aos textos Judaicos. E isso é e foi algo
muito bom. O que ainda nos falta é união e respeito às diferenças.
Estamos no momento agora do
diálogo inter-religioso. Esse é o tema do momento. Diversos rabinos e padres,
desde o final da Segunda Guerra Mundial estão trabalhando em pról disso.
Judeus/Judaísmo ficar criticando Cristãos/Cristianismo e vice-versa é algo
completamente abominável e retrógrado. É lamentável ver isso ainda atualmente.
Uma instituição Judaica ou Cristã que não fala sobre isso está parada no tempo.
Uma instituição que fica criticando outra fé está remando contra a maré. Esse
momento de brigar deveria nunca ter acontecido; mas como aconteceu, deveria ter
ficado lá século 15 ou 16. O momento agora é de nos unirmos. Se Yeshua/Jesus é
o Messias ou não, um dia todos vamos descobrir. Por enquanto, cada um tem a sua
fé, que deve ser respeitada. E isso está até no documento "Os 12 pontos de
Berlim"2. Vale a pena a leitura desse importantíssimo
documento.
Pense, reflita sobre isso.
Yeshua/Jesus fez algo importantíssmo. E ele possibilitou sim a "salvação
da humanidade". Pelo menos em certo sentido.
Edgard
MacFraggin'
[1]
B'nei Noach são os "Filhos de Noé"; são aqueles que seguem as Sete
Leis Noéticas, leis pelas quais um não-judeu pode servir o Deus de Israel.
Clique nesse link para ver as Sete Leis
[2] A
leitura desse documento pode ser encontrada clicando nesse link
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